Foram recuperados 30 carros e 15 motos, e nove lojas lacradas.
Cinco pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas durante operação da Polícia Civil realizada na manhã desta terça-feira no condomínio Haroldo de Andrade, em Barros Filho, na Zona Norte do Rio. Os agentes ainda apreenderam cinco mil cópias de contratos em branco da Caixa Econômica Federal, já que o conjunto de prédios pertence ao programa do governo federal “Minha casa, minha vida”. De acordo com a polícia, eram os presidentes das associações de moradores quem preenchiam os nomes das pessoas que iam morar nos imóveis.
Segundo as investigações, era cobrado R$ 350 de aluguel dos moradores e R$ 25 de taxa de limpeza. Com esses valores, a quadrilha que explorava o condomínio lucrava pelo menos R$ 20 mil só com a taxa de limpeza. O delegado Wellington Pereira Vieira, titular da 40ª DP (Honório Gurgel), classificou o programa de habitação de “Minha casa, meu inferno” diante da situação em que os moradores eram obrigados a passar.
– Os moradores recebiam um prazo de cinco dias para sair do condomínios e os que continuavam lá viviam em um inferno – afirmou Wellington.
Cerca de 80 pessoas já prestaram depoimento nas 39ª DP (Pavuna) e 40ª DP (Honório Gurgel), que investigam os inquéritos relativos ao domínio do crime organizado nos condomínios. Para a Polícia Civil, no estado, são oito conjuntos habitacionais do “Minha casa, minha vida” que são dominados pelo crime, sendo dois deles pela milícia. Quinze pessoas também foram identificadas como integrantes da quadrilha do traficante que Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat, apontado como sucessor de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy — ex-chefe do tráfico do Complexo da Pedreira, morto durante uma operação das polícias Civil e Federal no início de agosto. Ele seria o responsável por gerenciar as bocas de fumo dentro do condomínio Haroldo de Andrade.
A investigação da Polícia Civil indica que foi Arafat quem levou ao conjunto a ordem de Playboy para que 80 famílias oriundas de áreas rivais e contempladas por sorteio deixassem o condomínio. Os traficantes distribuíram os apartamentos a aliados, como reportagem mostrou na primeira reportagem da série “Minha casa, minha sina”, que deu origem ao inquérito policial.
Por causa da ação, 2.542 alunos ficaram sem aula na manhã desta terça-feira na região de Costa Barros. Segundo a secretaria municipal de Educação, seis escolas, duas creches e três Espaços de Desenvolvimento (EDIs) estão sem atendimento. O conteúdo perdido deverá ser reposto. A Secretaria estadual informou que as aulas na rede estão normais.
Associação para o tráfico
Nos 60 apartamentos revistados na manhã desta terça-feira no condomínio Haroldo de Andrade, a polícia encontrou a maioria vazio. Mesmo assim, seis famílias vão ser indiciadas por esbulho (apropriação ilegal de algo). Quem for pego morando nos imóveis, poderá responder também por associação para o tráfico.
Balanço final da operação: cinco presos em flagrante por tráfico; uma pistola; dois carregadores; munição; 155 trouxinhas de maconha, 240 de crack; cocaína; 19 de lança perfume; celular e caderno de anotações. Além disso foram recuperados 30 carros e 15 motos, e nove lojas lacradas.
Fonte: Extra