Crise entre governo e Petrobras extrapola esfera do executivo.
Após confirmado um novo aumento de combustíveis, anunciado no início desta sexta-feira, 17 de junho por dirigentes da Petrobras. A notícia caiu como uma bomba no mercado e explodiu no colo do presidente, que apelou esta semana para que a Petrobras segurasse reajustes até as eleições.
Ao tomar conhecimento, Bolsonaro declarou que pretende pedir uma CPI ao legislativo para investigar a empresa.
“Conversei agora há pouco, há poucos minutos, com Arthur Lira. Ele está neste momento se reunindo com líderes partidários. E a ideia nossa é propor uma CPI para investigarmos presidente da Petrobras, seus diretores e também os seus conselhos administrativos e fiscal.“
Não é apenas o presidente Jair Bolsonaro (PL) que está descontente com a política de preços da Petrobras que resultou em novo reajuste nos combustíveis nesta sexta-feira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, também entraram na contenda envolvendo a empresa.
Lira chegou a dizer que “vai para o pau” contra o presidente da empresa. Já Mendonça proferiu decisão para fazer a empresa explicar a paridade dos valores da gasolina e do diesel com o mercado externo na Justiça.
“É uma traição para com o povo brasileiro. O presidente da Petrobras, o diretor e seu conselho traíram o povo brasileiro. O lucro da Petrobras é uma coisa que ninguém consegue entender, algo estúpido. Ela lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas de todo mundo”, disse o presidente.
A população pagará a conta
A partir do sábado (18), o litro da gasolina aumentará de R$ 3,86 para R$ 4,06 às distribuidoras, enquanto o do diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61.
“A Petrobras, só no primeiro trimestre deste ano, lucrou R$ 44 bilhões. E você tem como reduzir essa margem de lucro porque está previsto na lei de estatais que ela tem que ter um fim social. E ela não se preocupa com o social, se preocupa apenas com o lucro”, completou o presidente.
‘É inconcebível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, emendou ele. A Petrobras segue uma regra de paridade que leva em consideração os preços internacionais do petróleo e a variação do câmbio no Brasil para a definição de seus preços’.
Os reajustes nos preços dos combustíveis são definidos pelo Conselho e pela direção da Petrobras. O governo indica a maioria dos conselheiros da empresa. Hoje, é formado por 11 membros, sendo seis indicados pelo governo Bolsonaro.
Líderes caminhoneiros culpam Bolsonaro por mais um aumento de combustível
Nos bastidores da política, em ano eleitoral, a medida tomada pela Petrobras, interfere diretamente na campanha eleitoral, de certa forma, além de desautorizar o governo, compromete ainda mais a economia, causando inflação, intervenção nada agradável aos olhos da população que sofre na carne os efeitos dos preços nas alturas.
Representantes dos caminhoneiros voltaram a responsabilizar o presidente Jair Bolsonaro. Na manhã de hoje, Bolsonaro fez postagens nas redes sociais criticando a Petrobras pelo aumento, como se não tivesse como influir no assunto. “O governo federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis“, comentou ele. O deputado Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Nacional em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, criticou o presidente: “Bolsonaro continua querendo tirar a responsabilidade dos seus ombros, isso é uma mentira deslavada, já que a solução está na sua caneta.”
Crispim classifica como mentira a ideia de que o corte de alíquotas de ICMS iria reduzir o preço dos combustíveis e que ele denunciou isso há algumas semanas. “Foi uma armadilha para governadores, prefeitos e povo brasileiro, que viram os recursos para a Saúde, Educação e Segurança Pública reduzidos em favor de investidores internacionais das bolsas de valores, para os banqueiros e para os golpistas que importam combustíveis“, critica o deputado.
Antonio Alexandre – RedeTV+ Notícias