Quadrilha praticava crimes em Realengo, Sulacap, Vila Valqueire e Bangu.
A polícia prendeu, na noite de terça-feira (20), dois suspeitos de praticar sequestros-relâmpago em Realengo e bairros vizinhos na Zona Oeste da cidade. Imagens mostram o local que servia de cativeiro para a quadrilha e relatos de testemunhas.
Ela estava muito assustada e contou que foi abordada pelos homens na última quinta-feira (15) em Realengo. Era dia ainda e ela estava de carro quando foi sequestrada.
“Eu rezava o tempo inteiro, pensava na minha família, que devia estar nervosa, e tentava ficar o mais calma possível para não ter nenhuma reação que pudesse prejudicar. Eu estava no carro, aguardando uma pessoa e os dois se aproximaram. Duas pessoas que estavam segurando uma arma pediram para eu sair do carro. Eles me passaram para o banco de trás, um foi dirigindo e o outro foi atrás comigo. Depois o de trás passou para frente e fomos até uma casa”, disse a vítima que preferiu não ser identificada.
Os criminosos chegaram armados a levaram até uma casa verde na Rua Antônio Cândido Nascimento. Segundo ela, os homens amarravam as vítimas com fios e chapinha de cabelo. A testemunha contou ainda que, quando eles estavam nervosos, batiam com revólver na cabeça das vítimas.
A quadrilha praticava sequestros-relâmpago em diversos bairros da Zona Oeste como, Realengo, Sulacap, Vila Valqueire, Mallet e Bangu. Pelo menos cinco pessoas foram mantidas reféns pelos criminosos dentro do quarto exibidos nas imagens. Um lençol cobria as janelas para que as vítimas não percebessem onde elas estavam.
De acordo com a polícia, as vítimas contaram ainda que os sequestradores roubavam os cartões de crédito, pegavam as senhas e passavam tudo para as duas meninas comprarem mercadorias enquanto os reféns eram vigiados no cativeiro. Em uma entrevista, uma das vítimas contou ficou cinco horas sob a mira do revolver.
“Eles sempre mandavam a gente ficar de cabeça baixa e nunca olhar para a cara deles. Eles disseram que iriam fazer compras com meu cartão e só falaram que o que tiraram de mim deus me daria em dobro”, relatou a vítima.
Enquanto as pessoas eram vigiadas, duas menores apreendidas pegavam os cartões de credito das vítimas e as senhas e iam até lojas para comprar mercadorias, como televisão e tênis de marca.
Como três vítimas prestaram depoimento na delegacia de Realengo e os relatos eram muito parecidos, os policiais perceberam que se tratavam da mesma quadrilha e, em uma semana, eles conseguiram prender dois dos criminosos e apreender duas menores que ajudavam a vigiar essas vítimas.
“Era uma casa, tipo um sobrado. A gente subiu por uma escada externa, não tinha nenhum móvel, era só um colchão. Uma casa em uma rua sem saída. Tinha uma escada externa, o chão era um piso de cerâmica marrom, tinha uma sala grande, dois pisos, só com uma janela pequena e eu fiquei ali por cinco horas”, disse uma vítima.
Douglas da Silva Pereira de 23 anos estava em uma moto em Realengo quando foi abordado pelos policiais. Na garupa, estava a menor de 16 anos, esposa dele. Ele levou os policiaas até a casa que servia de cativeiro da quadrilha e lá eles encontraram a outra menor, também de 16 anos, que levou os PMs até o outro criminoso, identificado como Carlos Roberto da Silva Pereira de 19 anos, que é irmão de Douglas.
Todos os presos e as menores confessaram os crimes. Douglas já tinha quatro passagens pela polícia por roubo, receptação, tráfico e ameaça. A mãe de uma das menores apreendida disse, em entrevista, que já tinha mais de dois anos que ela não falava com a própria filha.
“Minha filha era uma menina doce estudiosa, linda, e esse sujeito tirou minha filha com 14 anos de mim, engravidou minha filha, tirou de mim, me ameaçou de morte várias vezes, noites e noites sem dormir, orando pedindo a Deus. Sem ver minha filha. Ele praticamente sequestrou a minha filha. Eu fiquei nove meses sem ver minha filha, depois desapareceu, fiquei mais um ano e dois meses sem ver minha filha, sem saber se estava viva ou morta”, disse a mãe de uma das menores.
A polícia encontrou ainda na casa um carro roubado, a arma utilizada pelos criminosos e os bens que eles compravam com os cartões de crédito roubados. Em depoimento, as testemunhas disseram que esses dois criminosos não agiam sozinhos e que tinham também outros dois homens que agiam com eles. A polícia continua investigando para saber onde estão esses dois suspeitos
“Eu tento não pensar muito e rezar bastante. A gente não pode deixar de sair de trabalhar de ter uma vida normal, eu vou continuar saindo e rezando. Tem que tentar diminuir essa violência que está existindo que faz a gente ficar presa dentro de casa morrendo de medo”, completou a vítima.