Eles esperam encontrar informações que tenham ligação com o caso da vereadora.
A polícia vai analisar os 15 celulares encontrados com o ex-PM suspeito de ser um dos ocupantes do carro em que estavam os executores da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, preso nesta terça-feira. De acordo com o delegado Willians Batista, da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), o objetivo é justamente encontrar alguma informação que tenha ligação com o caso da vereadora, executada em março junto com seu motorista.
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O delegado deu ainda mais detalhes sobre a investigação que levou a prisão de Alan de Morais Nogueira, conhecido como Cachorro Louco. Ele foi preso junto com o ex-bombeiro Luis Cláudio Ferreira Barbosa, acusados da autoria dos homicídios de um PM e um ex-PM no sítio do miliciano Orlando de Curicica em Guapimirim, na Baixada Fluminense, em fevereiro do ano passado. Os dois são suspeitos de integrar a quadrilha de milicianos chefiada pelo ex-PM.
Segundo o delegado, as câmeras da rodovia que ligam Guapimirim a Brás de Pina, no município do Rio, onde os corpos foram encontrados queimados, flagraram o carro de Alan e o carro das vítimas 40 minutos antes de carbonizarem os corpos. Depois, as mesmas câmeras flagraram apenas um dos carros, o do ex-PM Alan, um Honda Civic, voltando para o sítio de Guapimirim. O delegado acredita que os assassinos foram avisar pessoalmente a Orlando de que tinham dado fim aos corpos.
As vítimas faziam parte do mesmo grupo, mas foram mortos porque o Orlando de Curicica achava que eles iriam dar o que chamava de ‘golpe de estado’. Por isso ele chamou os dois para uma reunião no sítio onde eles foram mortos. A prisão do Alan e do Luiz Cláudio representa um grande baque para esse grupo disse Batista.
Preso, Alan passa a ser uma peça importante nessa quebra-cabeça que virou o caso Marielle. A expectativa da polícia é que, preso e com as informações do delator contra ele, ele ajude a elucidar o que aconteceu na noite do crime.
Os mandados de prisão contra os dois presos foram expedidos pela Vara Única de Guapimirim, inclusive o de Orlando preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte apontado como mandante do crime. Com essas novas prisões, a estratégia dos investigadores é justamente a de desestruturar o bando de Orlando da Curicica e elucidar o crime contra a parlamentar.
Os outros dois homens que teriam participado do homicídio da parlamentar, de acordo com o delator, já teriam se envolvido, em junho de 2015, em outra execução com características semelhantes à de Marielle, também a mando de Orlando, de acordo com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Segundo a denúncia, os dois mataram, com tiros na cabeça, um homem que alugou um terreno na área de influência de Orlando para instalação de um circo, sem autorização prévia do miliciano.
Orlando é suspeito ainda de mandar matar o ex-presidente da escola de samba Parque da Curicica, Wagner Raphael de Souza. Em 7 de junho de 2015, às 19h, segundo um sobrevivente, dois homens do bando de Orlando desceram de um Kia Cerato branco e atacaram o carro em que o dirigente da escola viajava com uma outra pessoa no banco do carona.
Fonte: Jornal O Globo