Chacina matou ao menos 10 pessoas entre domingo e segunda.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) faz, na manhã desta sexta-feira, em Itaboraí, a operação “Barão”, junto com o Ministério Público do Rio, para prender milicianos que estariam envolvidos na chacina ocorrida na região. São nove mandados de prisão temporária e nove mandados de busca e apreensão contra o grupo que atua nos bairros Visconde e Porto das Caixas. Um dos apontados pelo MP do Rio como integrante do bando é Renato Nascimento dos Santos, o “Renatinho Problema”, preso desde dezembro e que era motorista de Orlando Oliveira de Araujo, Orlando Curicica, investigado pelas mortes da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes.
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Até 11h, um deles tinha sido preso. Além disso, a ação é para recuperar veículos roubados e usados pelos milicianos em falsas abordagens policiais. Em uma casa, da qual os moradores foram expulsos, os policiais encontraram um veículo picape, de cor branca, mas que estava envelopado de preto. O imóvel foi transformado no quartel general da quadrilha.
De acordo com o Ministério Público, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a milícia conta com agentes públicos corruptos, e, dentre as suas principais atividades, estão a cobrança de “taxas” a moradores e comerciantes, pela exploração clandestina da atividade de segurança privada, e as “contribuições” impostas aos comerciantes de botijões de gás domiciliar, fornecedores de internet banda-larga e motoristas de transporte alternativo.
De acordo com os promotores, os integrantes da milícia punem quem se nega a “curvar-se às suas ordens”. “Algumas das retaliações empregadas por esses criminosos consistem em invadir os imóveis dos moradores dissidentes e subtrair seus pertences, ou então os sequestrá-los, torturá-los e, por fim, ceifar suas vidas, desaparecendo com seus corpos”, disse o MP, com base na investigação.
Renatinho Problema foi preso em Guapimirim em dezembro de 2018, por porte de arma de fogo. Ele chegou a ser considerado suspeito na investigação da morte de Marielle Franco, mas sua participação foi posteriormente descartada.
Renato afirmou em depoimento que era motorista de Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, miliciano da área de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, implicado por testemunhas na morte da vereadora e investigado pela Divisão de Homicídios da Capital. O motorista contou ter levado Orlando ao encontro de Marcello Siciliano, também implicado por testemunhas e investigado pela DH.
Os indiciados são Wanderson da Silva Oliveira, o “Juninho Milícia”; Renato Nascimento dos Santos, o “Renatinho Problema”, preso em dezembro passado; Luciano Rosa Gomes, o “Serrote”; Wildson de Souza Coutinho, o “Angolano”; Felipe Cesar dos Santos, preso nesta quinta-feira; José Alfredo Bardasson Marques, o “Alfredinho”; Diego Amaral de Miranda, o “Diego KB”; Pablo Tavares da Silva, o “Pablo”ou “Japa”; e um novo integrante, identificado apenas como Maycon.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), descartou a possibilidade de os ataques que resultaram as mortes em São Gonçalo e Itaboraí terem sido motivados por uma guerra entre traficantes. Os crimes aconteceram entre a noite de domingo e a madrugada de segunda. Na ocasião, outras três pessoas ficaram feridas. A principal linha de investigação agora é de uma ação praticada por milicianos.
Fonte: Jornal O Dia