Picciani: População está preocupada com a inflação e não com impeachment

Em entrevista ao DIA, Picciani comemora a vitória da Comissão de Orçamento, que absolveu Dilma de ter praticado ‘pedaladas fiscais’.

Recém-empossado na liderança da bancada do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ) diz que a população brasileira está mais preocupada com a carestia e a geração de empregos do que com o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em tramitação na Câmara. Para o peemedebista integrante da ala pró-Dilma, o desempenho da economia em 2016 será fundamental para o futuro do governo. Picciani comemorou a recomendação da Comissão Mista de Orçamento da Câmara, que absolveu Dilma de ter praticado as chamadas ‘pedaladas fiscais’ no orçamento de 2014, base do pedido de afastamento da presidente.

O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) ignorou as pedaladas e recomendou a aprovação das contas de 2014 com ressalvas. O que isso deixa de prognóstico para a disputa política do ano que vem?
— Eu acho que a decisão da Comissão é coerente com o que foi feito no Brasil nas últimas décadas. Todos os presidentes praticaram este procedimento, e o TCU sempre acolheu isto. Daqui para frente, devemos ter novas regras, nos tornar mais rígidos com relação ao Orçamento. Mas dizer que é crime algo que sempre foi acolhido, é um exagero. A decisão do relator, que pode ser acolhida pela Comissão, bota ordem nessa questão.

O seu retorno para liderança do PMDB pode ser entendido como um alívio na pressão do seu partido sobre a presidente?
—Não diria isso. Meu retorno encerra essas disputas de lista que constrangem os deputados. O partido irá decidir no ano que vem se eu continuo como líder a partir de fevereiro, em uma eleição, de modo que a gente possa ficar com uma unidade no PMDB, e o partido passe a trabalhar pelo bem do país. 2016 tem que ser pautado pela recuperação econômica, por aquilo que as pessoas esperam, como geração de emprego, de renda e de oportunidades.

O que dá para projetar para o ano que vem? Um começo mais tranquilo do que esse fim de ano turbulento?
— O país precisa de mais conversa para conseguir virar essa página. Olhar para frente, e encontrar o caminho para solução dos problemas.

O recesso foi melhor para diminuir o clamor pelo impeachment da presidente?
— Não acho que tenha interferido. As manifestações deste mês comprovaram que não há um grande clamor por isso. Estou com centenas de pessoas aqui, e ninguém veio me abordar para falar sobre isso. As pessoas estão preocupadas com outras coisas, como a geração de empregos, com o preço dos alimentos. Essa é a preocupação das pessoas, não é com impeachment.

Fonte: O Dia