Professor Esteban Clua sonha com “enxame de drones” para usar a tecnologia a favor da humanidade.
Quem vê um catamarã ou veleiros autônomos navegando pela Baía de Guanabara pode até pensar que eles atuam sozinhos. De certa forma, sim. Mas para que os barcos possam estar na água, há muita gente trabalhando fora dela. São pesquisadores que usam o conhecimento e a tecnologia a favor do meio ambiente e da humanidade.
Como o professor Esteban Walter Gonzalez Clua, 50 anos, um dos responsáveis por desenvolver as embarcações, usadas para monitorar a qualidade das águas em Niterói. Professor titular no Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e diretor do Media Lab, ele trabalhou ao lado de uma equipe multidisciplinar na criação dos barcos.
Segundo ele, tudo é resultado de muitos anos de trabalho. Após uma chamada da Prefeitura e com recursos disponíveis, foi possível desenvolver os protótipos e colocar as embarcações na água.
Hoje, são dois veleiros e um catamarã à disposição para fazer o monitoramento. Enquanto os veleiros adentram o mar e monitoram águas mais afastadas, por conta da profundidade, o catamarã opera em lagoas.
Por enquanto, as embarcações não ficam constantemente na água: cada missão dura cerca de sete horas. A expectativa é aumentar a autonomia e aplicar métodos mais avançados de Inteligência Artificial, ampliando as ações de proteção, recuperação e até prevenção.
“Nosso objetivo para daqui um ano e pouco é fazer uma coleta quase ininterrupta para ter dados constantes de determinada região para ir para uma nova etapa”, afirma.
Velejador por hobby, Clua conhece bem Niterói e a Baía de Guanabara. Embora tenha nascido na Argentina e crescido em São Paulo, mudou em 1998 para o Rio de Janeiro. Concluiu mestrado e doutorado e, desde 2007, é professor na UFF.
Com conhecimento, o desejo é seguir usando a robótica para o bem da humanidade.
“A gente gostaria de ter um enxame de drones, que são vários veículos autônomos, que conversem entre si e, colaborativamente, cada um faz um tipo de tarefa”, afirma.
Recuperação das estações de tratamento
Se depender da Águas do Rio, as águas ficarão cada vez mais limpas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Desde que entrou em operação, em novembro de 2021, a concessionária vem recuperando estações de tratamento e de bombeamento de esgoto, tubulações, registros e outras estruturas, em 27 cidades fluminenses.
Com um sistema de esgotamento sanitário mais eficiente e seguro, cerca de 82 milhões de litros de água contaminada com esgoto deixaram de cair na Baía de Guanabara e nas praias oceânicas.
“A recuperação dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto existentes já nos trouxe resultados positivos com águas mais limpas e sucessivos relatórios do Inea mostrando períodos cada vez maiores de balneabilidade em praias historicamente poluídas da Baía de Guanabara, como Flamengo, Urca e Paquetá”, explica o vice-presidente da Aegea, holding da Águas do Rio, Alexandre Bianchini.
“Muito se fala dos problemas da Baía, mas já posso afirmar que vejo um aumento na vida marinha e águas cada vez melhores para o mergulho, principalmente na enseada de Botafogo, Flamengo e Urca”, afirma.
Maior projeto ambiental dentro da concessão fluminense, a recuperação da Baía de Guanabara é um processo gradativo. De acordo com o Marco Legal do Saneamento, a Águas do Rio tem até 2033 para universalizar o esgotamento sanitário, ou seja, coletar e tratar o esgoto de 90% da população, em todos os municípios que atua, o que inclui as cidades no entorno da baía. O investimento vai somar R$12 bilhões.