Os Jovens do século XXI e a Depressão

Quanto mais cedo se reconhece os sintomas, melhores são os resultados.

Não é nenhuma novidade que a depressão têm sido um tema bastante recorrente nos últimos meses. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 800 mil pessoas se suicidam por ano e a cada 40 segundos um individuo comete suicídio. Na maior parte das vezes, o ato de suicidar-se têm ligação com transtornos mentais tais como ansiedade, TOC, síndrome do pânico e depressão.

”O Suicídio de jovens cresce de modo lento, mas constante no Brasil: dados ainda inéditos mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 – um aumento de quase 10%.” BBC Brasil.

O que é depressão?

A OMS define depressão como um transtorno mental caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. O quadro também costuma trazer sensação de cansaço e falta de concentração. A doença pode ser de longa duração ou recorrente. Na sua forma mais grave, pode levar ao suicídio. Casos de depressão leve podem ser tratados sem medicamentos e com terapia. Mas, na forma moderada ou grave, pode haver indicação de medicação. Quanto mais cedo se reconhece os sintomas e se começa o tratamento, melhores são os resultados.

Em termos biológicos, é o neurotransmissor chamado de Serotonina quem controla o desejo de comer, o sono, o humor e cognição. Em baixa quantidade pode trazer algumas consequências para as pessoas e geralmente está relacionada com transtornos depressivos.“Em pacientes com depressão existe uma diminuição da produção de serotonina no cérebro, além de uma alteração na função dos receptores deste neurotransmissor. Desse modo, o sistema serotoninérgico fica deficitário”. Jerusa Smid, neurologista.

Não existe um fator único para as baixas concentrações de serotonina no cérebro, a causa pode vir desde fatores ambientais à probabilidades genéticas e neurobiológicas.

A relação da genética com a depressão

Uma análise feita por estudiosos da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, avaliou 424 pais com transtorno depressivo e 143 filhos de pessoas desse grupo. Paralelamente, um outro grupo de mesmo número de pais não depressivos e seus 197 filhos foi analisado.

Os resultados vieram 23 anos mais tarde e indicaram que os filhos adultos dos indivíduos depressivos possuem maior tendência a ter sintomas do distúrbio, quando comparados aos filhos de pais não depressivos. Ademais, 70% dos que tinham pais deprimidos afirmaram ter outros membros da família com o quadro, enquanto apenas 45% do outro grupo relatou o mesmo caso.

Nature Genetics evidenciou 17 variações ligadas ao transtorno quando analisaram perfis genéticos de 145 mil voluntários, 121 mil declararam possuir histórico de depressão. A professora de neuroanatomia e neurobiologia Marta Reivas relata que fatores genéticos representam papéis importantes no desenvolvimento do transtorno do humor depressivo. ”Por causa de seus fenótipos contínuos de apresentação, o distúrbio possui um padrão de transmissão de herança não mendeliana e, em geral, ocorre em famílias com um modo de herança complexo – provavelmente multifatorial poligênico, resultante da interação de vários genes de vulnerabilidade com o ambiente”.

Por que os jovens tem depressão?

O transtorno depressivo em jovens geralmente tem seu auge em épocas estressantes como vestibular, sofrimento de perdas, ambiente familiar instável e mudanças de hábito repentinas.

Crises de ansiedade são extremamente comuns em jovens que estão passando pelo último ano do ensino médio. A frustração, o esgotamento, o sentimento de não saber lidar com aquela pressão excessiva para passar em uma faculdade ou até mesmo a dúvida de não saber que curso escolher. Com todas essas coisas ao redor, o indivíduo pode se sentir um fracassado e reter pensamentos negativos, o que mais tarde pode gerar um transtorno depressivo.

Além disso, a adolescência é um período complicado por ser a fase da vida em que constrói-se a maior parte dos traços de personalidade que nos acompanharão dali em diante. É um momento de diversas descobertas e é muito comum jovens serem pressionados -até mesmo por si mesmos- para serem parte de um grupo, a imitar ações que às vezes podem gerar consequências inimagináveis, fisicamente e mentalmente.

Algo que vem sendo alarmante é a construção da famosa ”Geração Canguru” na sociedade do século XXI. Segundo Wasmalia Bivar, presidente do IBGE: “A geração canguru é um fenômeno mundial, não necessariamente por falta de condições dos filhos saírem de casa, mas por livre escolha tanto deles quanto dos pais. Preferem fazer graduação, mestrado ou doutorado permanecendo na casa paterna, retardam a formação de uma nova família e também buscam mais comodidade”.

Essa recusa tanto por parte dos pais, como por partes dos filhos em iniciar sua vida fora da redoma familiar, pode ser bastante custosa. Os pais devem buscar certo equilíbrio na criação de seus filhos: quando há liberdade demais e os jovens tendem a fazer tudo o que querem, muitas vezes fora do olhar dos responsáveis, pode ser prejudicial. Todavia, quando há superproteção, quando um pai vigia o filho 24h por dia, acaba por impedir que o mesmo tenha suas próprias experiências de vida, o que além de atrapalhar na formação individual do jovem, pode deixá-lo desestabilizado emocionalmente e inseguro com as relações interpessoais, acarretando em transtornos psicológicos e sociais.

Como lidar com a depressão

Para lidar com um jovem depressivo, primeiramente deve-se ter em mente que nem todo indivíduo deprimido agirá de forma semelhante. Ter depressão não é sinônimo de ficar em casa, deitado na cama a maior parte do tempo. O transtorno depressivo age silenciosamente e é necessário ter a mínima atenção para as mudanças de comportamento de amigos e/ou familiares. Muitos jovens agem com extrema irritabilidade e alguns podem ter picos de felicidade seguidos de picos de tristeza sem motivo aparente. A depressão é uma doença mental, ou seja, um amigo pode estar sorrindo e fazendo piadas por fora, porém por dentro está tendo pensamentos suicidas.

Atente-se para o fato de que se você tem um amigo com histórico de depressão e este parece estar minimamente feliz, cuidado! Tais indivíduos podem já ter definido o suicídio como uma opção e estão fazendo os últimos preparos. Tenha em mente que não tem problema conversar com o depressivo sobre sua doença, na verdade, é bastante importante e saudável que você demonstre empatia pelos sentimentos dele, não se acanhe em perguntar ”você teve pensamentos suicidas hoje?” ou ”você se cortou hoje?” para um amigo ou familiar com depressão. Escute-o com atenção e demonstre afeto, diga o quanto essa pessoa significa para você e mostre que você o apoia independentemente de sua decisão.

A paciência é essencial. Na maior parte das vezes o familiar ou amigo não vai facilitar a situação para você, o que pode te deixar irritado. ”Em geral, a pessoa deprimida afasta-se de todos e distorce o fato dizendo que todos a abandonaram, portanto não é incomum que o deprimido trate mal quem o auxilia. É importante saber que isto faz parte da doença. Não é uma tarefa fácil e nem agradável”. Daniela da Rocha Paes Peres, psicanalista e terapeuta de casais e família.

Em hipótese alguma julgue uma pessoa depressiva pelos seus atos, a depressão é uma doença que impede que a pessoa consiga enxergar além da bolha em que vive, além dos pensamentos ruins que a rodeiam. Nenhum indivíduo com depressão e/ou pensamentos depressivos quer morrer, ninguém deseja morrer. Lembre-se disso. Entenda que antidepressivos servem para fazer que o suicida veja outras opções além da que ele pensa ser a única. Esteja ciente de que além do tratamento com psicólogo, terapeuta, psiquiatra e antidepressivos, seu amigo/familiar também precisa de você ao seu lado. A sua presença e amizade já é um grande passo para o tratamento da depressão.

CONSCIENTIZE-SE!

Fonte: Obvious/Dilma Beck

 

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