Opinião | Do “Mané” à Mordaça: o preço da liberdade em tempos de cerceamento institucional

País de “manés”, não por ingenuidade, mas por omissão forçada.

O Brasil atravessa um momento emblemático de sua história política e institucional. Em meio a uma polarização crescente, frases lançadas por autoridades do mais alto escalão do Judiciário, como o ministro Luís Roberto Barroso — que se referiu pejorativamente a cidadãos de ideologia conservadora como “manés” — soam não apenas como desrespeito à pluralidade democrática, mas como o retrato de um sistema que já não esconde mais sua militância ideológica.

Não se trata apenas de retórica agressiva. Há um contexto de ações sistemáticas que vêm se desenrolando nos últimos anos e que merecem atenção crítica e reflexiva: prisões preventivas excessivamente prolongadas, decisões judiciais que ultrapassam os limites da razoabilidade constitucional e, sobretudo, uma atmosfera de perseguição a vozes dissonantes do establishment político-judicial.

Ao mesmo tempo, testemunhamos uma crescente regulação da imprensa e das redes sociais sob a justificativa de combater a desinformação. Entretanto, muitos desses mecanismos têm servido para cercear a liberdade de expressão e intimidar opositores políticos. A liberdade, princípio basilar da Constituição de 1988, vai sendo silenciosamente reconfigurada, agora sob o crivo de interpretações subjetivas que colocam em risco a imparcialidade institucional.

Essa crise de garantias democráticas ocorre em paralelo a uma política econômica que impõe ao Brasil um peso adicional: a submissão a interesses externos, como as tarifas punitivas impostas pelos Estados Unidos, especialmente no setor industrial e agropecuário. Tais medidas refletem a fragilidade da nossa soberania internacional, comprometida por um governo que muitas vezes abre mão de sua autoridade negociadora.

Sob esse cenário, somos levados a crer que o termo “Mané”, longe de ser um insulto isolado, se transforma em uma alegoria persistente. Um país de “manés”, não por ingenuidade, mas por omissão forçada, por não poder mais se expressar, protestar ou reagir sem sofrer consequências judiciais ou econômicas.

A que ponto chegamos? O que será da democracia quando os tribunais passam a legislar e a imprensa se cala por medo? Que liberdade é essa que pune opiniões, mascara dados e ignora os reais clamores da sociedade?

A reflexão é dura, mas necessária: a liberdade tem preço — e talvez estejamos pagando com a própria Constituição.

A origem da palavra “mané” é controversa. Há quem sustente que esteja no nome Manel, uma alteração de Manuel. Já segundo o gramático Antenor Nascentes, conhecido estudioso da etimologia da língua portuguesa, trata-se de forma apocopada (que sofre redução no final) de “manema”, nome com que os indígenas denominavam uma farinha grossa, que resultava em produtos inferiores aos obtidos com farinha fina.

*(mané): Sujeito tolo, menos inteligente ou com pouca capacidade intelectual. Sujeito desleixado ou displicente com suas coisas ou com si mesmo.

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