Do total de atendimentos, 75% foram de pacientes mulheres.
Quando criança, Camila Silveira sentia que era assolada, como descreve hoje, aos 42 anos, por “pensamentos negativos terríveis”. Na adolescência, ela desenvolveu uma relação excessiva com a comida, que gradativamente transformou seu corpo e ruiu sua autoestima. Em muitos momentos, se via perdida diante das crises sucessivas, do medo e da solidão. Apesar disso, concluiu duas graduações, casou-se e teve um filho. Mas só em maio deste ano que ela começou a tratar a ansiedade generalizada, a depressão e a compulsão alimentar que a acompanham há décadas.
Camila se juntou às milhares de pessoas que têm enchido os consultórios da rede pública do Rio em busca de atendimento psicológico. Um levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para a campanha de prevenção ao suicídio deste Setembro Amarelo aponta que, entre 2020 e 2023, mais que dobrou a quantidade de pacientes da saúde mental nas unidades da prefeitura: um salto de 5.828 para 12.340.
Nos planos privados
Lucas é de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e, desde a perda da visão, faz acompanhamento psicológico pelo plano de saúde. Segundo dados do Mapa Assistencial da Saúde Suplementar, publicado pela ANS, em todo o país o número de consultas com psicólogos pelos planos também cresceu entre 2020 e 2023: um aumento de 133% no período, chegando a 45,1 milhões de atendimentos. Na trajetória de Lucas, a causa da cegueira nunca foi totalmente elucidada, mas a razão mais consistente é a ação de uma larva de rio. Segundo ele, a equipe médica levou cerca de um ano para chegar a essa hipótese.
Era terrível não saber o que estava acontecendo comigo, achava que iria ficar cego de vez, que ia morrer, e isso me dava um medo gigante conta ele.
A condição piorou após ter sido atropelado por um carro enquanto andava de bicicleta. Ele teve dois traumatismos cranianos, ficou cinco dias no CTI e, depois, passou a ter crises de pânico.
Fiquei um tempo na cadeira de rodas, depois de muletas. Eu sentia que tudo acontecia comigo, que eu ia morrer. Ficava desesperado. Quando não pensava na minha morte, pensava na dos meus pais. Minha cabeça não tinha descanso relata.Atualmente, Lucas aborda as experiências traumáticas com bom humor. Sua mãe foi quem o incentivou, desde cedo, a fazer terapia e a buscar atendimento psiquiátrico. No processo para se estabilizar, ele ainda encontrou uma profissão na qual pôde “extravasar” a agitação provocada pela ansiedade. Inicialmente, arriscou o teatro, mas, depois, percebeu a vocação como professor de geografia. Em homenagem à área, tatuou no braço o titã grego Atlas, condenado por Zeus a carregar o peso do céu sobre os ombros.
Hoje, posso dizer que estou bem. A terapia foi fundamental para isso, é um longo processo de autoconhecimento e equilíbrio. Sem a minha família, eu não teria tido tantos avanços diz.
Truques Que Ajudam A Reduzir A Ansiedade Rápido
1 – Respiração alongada
Geralmente a ansiedade é acompanhada por uma respiração ofegante. A psicóloga explica que uma respiração alongada pode aliviar esse sintoma, além de ajudar a acalmar a mente. “O ideal é inspirar e expirar calmamente e pausadamente pelo menos três vezes seguidas. O cérebro precisa de oxigênio e esse exercício ajuda na concentração. É uma técnica que não tem contraindicação”, afirma.
2 – Faça pequenas pausas na rotina
Em meio a rotinas corridas, fazer uma pausa é imprescindível para o distúrbio não fugir de controle. “Reservar alguns minutos em várias partes do dia para você respirar calmamente e tomar um chá, fazer algo que gosta por alguns minutos, pode ajudar e muito você a não alimentar o ciclo da ansiedade. Ter tempo para relaxar, ler um livro ou ouvir música são exercícios diários essenciais para a saúde mental”, destaca Blenda.
3 – Fique um tempo desconectado
Você pode nem imaginar, mas ficar conectado o tempo todo pode ser prejudicial à saúde, alerta a profissional. Ela reforça a importância de separar algumas horas do dia para deixar o celular de lado e focar em outras tarefas que promovem o autocuidado.
“As redes sociais impõem um ideal. Você vê ali pessoas e fotos incríveis, se compara com aquilo e não considera sua própria realidade e nem sabe o que acontece nos bastidores da vida daquelas pessoas que aparentam felicidade na rede. Cuidado com isso, tenha mais tempo para o real”, adverte.
4 – Organize sua rotina
De acordo com Blenda, organizar as tarefas e ter uma agenda semanal equilibrada pode aliviar a ansiedade. Além disso, essa atividade evita deixar todas as informações e compromissos na cabeça, e proporciona uma visão mais clara de como vai ser sua semana ou mês, permitindo elencar melhor suas prioridades.
“É importante saber o que é urgente, o que pode e deve ser feito ali no momento. Porém, é preciso também enxergar a médio e longo prazo. O mundo está imediatista e a ansiedade também está associada a isso”, comenta a especialista.
5 – Pratique atividade física
Praticar atividade física proporciona incríveis benefícios para a saúde. Um dos principais ganhos é a liberação de substâncias importantes para o bem-estar, como a endorfina, por exemplo. “Esse é um recurso que deve ser avaliado de acordo com as condições pessoais de cada um, mas são indispensáveis para aliviar os sintomas da ansiedade”, reforça a psicanalista.