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Linha Vermelha mostra sinais de degradação. Vinte meses sem manutenção

Motoristas sofrem com o abandono ao longo de toda a pista.

O que seria um regresso tranquilo para casa, após levar a mulher para a revisão de uma cirurgia no hospital, transformou-se num tormento para o suboficial da Marinha Jorge Pereira de Andrade, na última terça-feira. Um buraco no pavimento da Linha Vermelha, na altura de Caxias, furou o pneu do carro do casal. Na rodovia sem acostamento, Andrade procurou uma pista de desaceleração para estacionar com alguma segurança, botar o estepe e seguir para Nova Iguaçu.

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A falta de manutenção por um ano e oito meses acelerou o processo de degradação da Linha Vermelha. Numa vistoria, o engenheiro Antonio Eulalio Pedrosa Araújo, membro da Associação Brasileira de Pontes e Estruturas e ex-conselheiro do Crea-RJ, identificou, entre outros problemas, que a base de pilares do viaduto no trecho do Campo de São Cristóvão apresenta problemas visíveis de corrosão generalizada.

Arbustos que cresceram na superestrutura que suporta a pista de rolamento, buracos e desnivelamento no pavimento, além de longos trechos sem faixas pintadas no asfalto, são outros sinais da falta de zelo com o principal acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim.

É tanto buraco, principalmente entre o Fundão e a Via Dutra, que fica difícil desviar. Quando a gente vê, cai num deles reclama o suboficial Andrade.

Os primeiros 5,2 quilômetros da Linha Vermelha, entre o Elevado Paulo de Frontin e o Campo de São Cristóvão, completaram quatro décadas este ano. Quatorze anos depois, em 1992, ficou pronto o trecho de sete quilômetros que vai de São Cristóvão à Ilha do Fundão. O trecho final, de 14 quilômetros, que chega à Rodovia Presidente Dutra, foi aberto em 1994. E, apesar de cortar três municípios Rio, Caxias e São João de Meriti, um contrato de cessão, assinado em 2007, transferiu a rodovia para a prefeitura da capital.

Dados do site Rio Transparente e do Fincon — sistema que permite ao Legislativo acompanhar a execução orçamentária do município — mostram que a Linha Vermelha e a Avenida Brasil ficaram sem contrato de conservação entre outubro de 2016 e junho deste ano, quando o atual começou a vigorar. Mesmo assim, o contrato ficou suspenso de 21 de junho a 24 de julho, por determinação da Secretaria municipal de Fazenda.

Outro complicador é que, do contrato em vigor, de R$ 2,9 milhões para o período de um ano, só R$ 270 mil foram empenhados (autorização para gasto) e nada foi liquidado (autorização para pagamento). E, segundo técnicos do gabinete da vereadora Teresa Bergher (PSDB), mesmo sem correção, o valor do contrato vigente é 15% inferior ao último, de 2016.

FERRAGENS CORROÍDAS

Eulalio adverte que, para manter a via em boas condições e reduzir custos com sua recuperação, é fundamental que, a cada ano, seja feita uma vistoria visual minuciosa. Assim, diz, é possível identificar problemas no concreto e em outros elementos, que podem ser corrigidos antes que se agravem. No Campo de São Cristóvão, ele encontrou pelo menos dez pilares com ferragens expostas e bem corroídas junto ao solo:

É resultado da ação da urina humana, agravada pela falta de manutenção preventiva e corretiva. Há pelo menos cinco anos, os pilares não passam por manutenção.

os motoristas passarem dinheiro, celular, bolsa. Depois, saem correndo para as favelas às margens da via.

O empresário reclama ainda da falta de ordenamento do trânsito e da lentidão do socorro mecânico:

Quebrou um carro, para tudo. Demoram muito para mandar um reboque.

A CET-Rio se defende. Diz que, em média, atende 640 veículos enguiçados por mês. Informa ainda que, na Linha Vermelha, atuam quatro reboques, uma picape, duas motos, um supervisor e quatro controladores de tráfego por dia. Ao longo da via, há oito radares, em quatro pontos. Eles aplicaram, em média, 2.592 multas mensais por excesso de velocidade em 2017 e 1.183 este ano.

Já a iluminação da via é mantida com recursos do Fundo Municipal de Iluminação Pública, e os contratos não sofreram cortes. Mesmo assim, motoristas reclamam de falta de luz.

Uma ou duas vezes por semana, ficamos sem iluminação entre o aeroporto e Caxias. Isso torna a via ainda mais perigosa diz o advogado Felipe Alves, de 31 anos.

Fonte: Jornal O Globo

 

 

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