Jornal denuncia: Magé reflete modelo dominante na política fluminense

A corrupção e o controle da máquina político-administrativa da cidade por uma única família são legados do coronelismo do antigo Estado do Rio.

Maria Fumaça

A fusão da Guanabara com o Estado do Rio teve aspectos positivos e negativos — normal numa engenharia político-administrativa que precisava equacionar realidades distintas entre unidades da Federação que, embora próximas, guardavam grandes disparidades nos diversos indicadores. No geral, a mistura deu liga, mas restaram demandas que não só deixaram de ser enfrentadas a seu tempo, como se expandiram e se tornaram um legado deletério ao se criar o Estado do Rio de Janeiro, há quatro décadas. Entre os mais graves problemas, o baixo nível das relações políticas na arena fluminense. As exceções não redimem o quadro.

O literal domínio da cena política de Magé, no interior do estado, pelo clã Cozzolino, detalhado em reportagem do GLOBO de sábado passado, é um dos mais nocivos exemplos de uma forma abominável de reduzir o exercício do poder público a meros e execráveis movimentos patrimonialistas. Ao longo das três últimas décadas, a família empalmou, como feudo próprio, o Executivo e o Legislativo da cidade — num revezamento de nomes, mas não de sobrenome, que culminou com a denúncia (e pedidos de prisão), pelo Ministério Público, de fraude numa licitação de 2009, no valor de R$ 22,4 milhões.

Em meio a esse domínio, o município alimenta uma crônica de violência, assassinatos, intimidações — isso, numa cidade situada a apenas 60 quilômetros da capital, o antigo centro político do país, contaminado por tais métodos heterodoxos da representação. Um  fluminense que a fusão não conseguiu controlar. Antes, por interesses de chefes políticos inspirados no clientelismo, deixou de criar os instrumentos necessários para evitar que se expandisse ainda mais.

Magé

Magé é apenas uma parte desse enredo de má política. O banditismo ficou explícito no município, mas tal criminalização tem as características da política dominante no estado. Outras praças lhe são semelhantes. Cidades da região serrana destruídas em 2011 por terrível enchente também se tornaram vítimas desse tipo de rapinagem, em episódios de expropriação de verbas para reconstrução de áreas assoladas que levaram a cassações e prisões de agentes públicos locais. Não faltam exemplos.

É um modelo perverso, fundado em analfabetismo político que se alimenta de noções distorcidas de representação (clientelismo e populismo). Ele gerou, e ainda gera, personagens emblemáticos como Brizola, Garotinho, Benedita — e até mesmo o governador Pezão, quando entoa o mantra da ampliação das UPPs com objetivos eleitoreiros. Coadjuvantes menores, mas não menos influentes, criam centros sociais e serviços semelhantes em busca de contrapartidas nas urnas. E vai por aí. São deformações políticas que precisam ser denunciadas e combatidas.

MGT
Fonte: O Globo

 

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Um Comentário

  1. Carlos

    O pior que tiramos os Cozzolino e o improvável aconteceu: entrou um igual ou até pior.

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