Jogos do Flamengo no Carioca fazem o rádio ser redescoberto

Segundo a Rádio Globo, a audiência durante as partidas do rubro-negro triplicou em relação ao ano passado.

De seus 64 anos, há 30 Antônio Ramos Brandão  o Santa Cruz não abre mão do radinho de pilha. Seja no Maracanã, seja em frente à televisão (sem som), o Motoradio o acompanha.

Eu gosto porque ele narra o gol antes da TV  explica o tradicional torcedor do Flamengo e funcionário da loja do clube, na Gávea.

Com o avanço tecnológico dos canais de comunicação, o hábito de ouvir jogos no rádio ficou fadado a um nicho, formado principalmente por pessoas da faixa etária do geraldino. Só que, sem televisionamento, as partidas do Flamengo no Carioca como a desta segunda, às 20h, contra o Resende, no Maracanã fizeram ele ser descoberto por uma geração que nasceu com a internet já estabelecida. Aos 16, o carioca Rafael Krapp se encantou com a narração de Luís Penido, da Rádio Globo.

Passei até a ver na internet os melhores momentos da final da Libertadores com a narração do “Penidão”. Gosto de sentir emoção. Fico até com medo de sair outro gol do River Plate brinca o rubro-negro.

Krapp pode ser considerado um torcedor à moda antiga. Gosta de colecionar páginas de jornal que retratam vitórias do Flamengo e escuta os jogos num rádio que lembra o de Santa Cruz. Mas seus hábitos “retrô” param por aí. Até 2018, ele mantinha com amigos um canal no YouTube para comentar partidas e outros assuntos relacionados ao clube. O momento de maior sucesso foi a transmissão do foguetório em frente ao hotel do Independiente-ARG na véspera da decisão da Copa Sul-americana de 2017.

Conseguimos cinco mil acessos naquele dia.

É justamente aí que ocorre o choque geracional. Para os torcedores da idade de Krapp, depender dos comentários de um radialista para formar sua própria opinião sobre a atuação do time é uma experiência que causa estranhamento. Trata-se de uma geração que se acostumou a dar mais importância às imagens do que à narração. Ao mesmo tempo em que assistem, comentam os jogos em aplicativos de mensagem ou em redes sociais.

Comento bastante no WhatsApp. Mas quando escuto pelo rádio quase nem comento explica Jiandrigo Oliveira, de 19 anos: Pela TV, você consegue ter mais certeza do que pode acontecer no jogo, de qual o problema da equipe, onde pode melhorar.

Morador de Florianópolis, Jiandrigo tem escutado os jogos do Flamengo em sua Smart TV — o que diz muito não apenas sobre sua geração, mas também da forma como o próprio rádio se adaptou às novas tecnologias. Está nos celulares, no computador, na televisão e, claro, nos aparelhos portáteis. Segundo a Rádio Globo, a audiência durante as partidas do rubro-negro triplicou em relação ao ano passado em suas mídias digitais (aplicativo e site oficial), formas de acesso que sugerem a adesão do público jovem.

É muito diferente. Eu tenho um amigo deficiente visual, e a sensação é de que estou passando pela mesma experiência que ele ao acompanhar um jogo compara Mateus Amaro, de 16 anos, morador de Juiz de Fora-MG.

Reconhecido pelos jovens no Maracanã, Santa Cruz vê com bons olhos a aproximação deste público com o rádio. Mas sabe que, quando a concorrência da TV voltar, a popularidade de seu companheiro de três décadas retornará ao patamar tradicional.

Eu sou da era do rádio, né? Todo dia escuto as notícias. Eles, não.

Fonte: Jornal Extra

 

 

 

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