O governo do presidente Donald Trump ordenou a suspensão da emissão de vistos para estudantes em todos os consulados dos Estados Unidos ao redor do mundo.
Segundo um telegrama enviado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, o Departamento de Estado planeja emitir orientações atualizadas sobre a triagem de redes sociais de candidatos a vistos de estudo e intercâmbio. Enquanto a nova diretriz está em fase final de análise, o documento determina que os consulados interrompam temporariamente o agendamento de entrevistas e a concessão de novos vistos das categorias F, M e J.
“Com efeito imediato, em preparação para a expansão da triagem e verificação obrigatórias nas redes sociais, as seções consulares não devem adicionar mais nenhum visto de estudante ou visitante de intercâmbio (F, M e J) até que novas orientações sejam emitidas, o que prevemos para os próximos dias”, afirma o telegrama.
Ao ser questionada sobre o impacto da medida para estudantes internacionais, a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, não comentou diretamente o caso, reforçando que o governo não trata publicamente de solicitações individuais de visto.
Em todas as situações, não comentamos casos individuais. Não falamos sobre a natureza das decisões tomadas em relação a pessoas. No entanto, sabemos que levamos muito a sério o processo de verificação de quem entra no país. Vamos continuar fazendo essa triagem, seja você um estudante, turista ou qualquer outra pessoa. Estaremos de olho em você”, afirmou.
O que diz o governo americano
Mais tarde, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano informou que “o governo Trump está focado em proteger nossa nação e nossos cidadãos, mantendo os mais altos padrões de segurança nacional e pública em nosso processo de visto”.
O porta-voz informou ainda que “toda decisão sobre visto é uma decisão de segurança nacional. Todo viajante em potencial para os Estados Unidos passa por uma verificação de segurança interinstitucional. Proibir a entrada nos Estados Unidos de pessoas que possam representar uma ameaça à segurança nacional ou pública dos EUA é fundamental para proteger os cidadãos americanos em seu país”.
Sobre o agendamento de entrevistas para visto de não-imigrante, o representante do governo disse se tratar de um processo dinâmico. “A capacidade de uma embaixada ou consulado reflete o tempo necessário para que os funcionários consulares julguem os casos perante eles em total conformidade com a lei americana, inclusive para garantir que os requerentes não representem um risco à segurança ou à proteção dos Estados Unidos”.
O porta-voz também afirmou que “desde 2019, o Departamento de Estado exige que os requerentes de visto forneçam identificadores de mídia social nos formulários de solicitação de visto de imigrante e não imigrante. Utilizamos todas as informações disponíveis em nossa triagem e verificação de vistos. Todos os requerentes de visto, independentemente do tipo e de sua localização, são continuamente verificados. A verificação de segurança ocorre desde o momento de cada solicitação, passando pela adjudicação do visto, e posteriormente durante o período de validade de cada visto emitido, para garantir que o indivíduo permaneça elegível para viajar aos Estados Unidos”.
Trump e os estudantes estrangeiros
A tensão entre o governo Trump e as universidades americanas se agravou nas últimas semanas. Na última quinta-feira (22), a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou a retirada da certificação que permite que instituições de ensino patrocinem vistos para estudantes internacionais. A medida, segundo ela, seria uma resposta ao suposto envolvimento de alunos estrangeiros em atos de violência e protestos.
No último dia 16, Noem havia exigido que a Universidade de Harvard entregasse registros de seus estudantes internacionais. A instituição recusou a solicitação. Em resposta, o governo suspendeu a autorização internacional da universidade, o que impedia a manutenção de estudantes estrangeiros no campus.
A decisão, no entanto, foi suspensa pela juíza Allison Burroughs, do Tribunal Distrital dos EUA. Com isso, a suspensão da matrícula dos estudantes internacionais foi anulada, mas o governo federal ainda pode recorrer.