Mariano Zalis, é um dos principais autores da descoberta e especialista em sequenciamento genético de parasitas.
Em matéria publicada neste domingo 12/03 pelo O Globo, Zalis confirmou que houve registro de malária com 49 casos em municípios do Rio com florestas da Serra do Mar registrados em 2015 e 2016 causados pelo Plasmodium simium, revelou ao Jornal O Globo o geneticista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mariano Zalis, um dos principais autores da descoberta e especialista em sequenciamento genético de parasitas. As pessoas infectadas tinham recebido confirmação de diagnóstico pelo Plasmodium vivax, o mais frequente no Brasil e endêmico na Amazônia, o que intrigava cientistas.
A descoberta de que essa forma de malária de macaco pode ser transmitida pelo mosquito ao homem tem implicações para a saúde pública no estado e para o controle de malária no país. Zalis destaca que, embora o risco de surtos maiores seja pequeno agora, os casos humanos de malária de macaco evidenciam que a vigilância de doenças infecciosas precisa ser repensada e intensificada. O Rio e o Brasil como um todo apresentam todos os elementos de risco, isto é, grande população, infestação por mosquitos e florestas.
– É preciso estar sempre alerta. Não acreditamos que provocará uma epidemia agora, mas é um alerta. Esse plasmódio pode se adaptar, como outros patógenos já fizeram. Não virou epidemia porque o Plasmodium simium parece pouco competente para infectar o ser humano. E ele causa uma infecção mais branda. Porém, é a primeira vez que se demonstra em nível molecular que essa forma de malária de macaco pode ser transmitida para o mosquito e deste para o homem. Essas pessoas não trouxeram a doença de fora do Rio. A doença já estava aqui no estado. Há quanto tempo, não sabemos – salienta.
Principal doença infecciosa no mundo, a malária teve seu ciclo de transmissão no estado do Rio considerado interrompido em 1968. O estado onde a doença causou devastação até a primeira metade do século XX parecia livre de um dos seus maiores flagelos. Hoje, a região amazônica concentra cerca de 99,5% dos casos no Brasil.
Zalis explica que foi preciso fazer uma análise molecular refinada para identificar o parasita. Em 2015 foram 33, e 16 em 2016. Houve casos, por exemplo, em Guapimirim, Petrópolis, Nova Friburgo (Lumiar) e Macaé (Sana). O Plasmodium simium é muito parecido com o Plamodium vivax.
A descoberta de que essa forma de malária de macaco pode ser transmitida pelo mosquito ao homem tem implicações para a saúde pública no estado e para o controle de malária no país. Zalis destaca que, embora o risco de surtos maiores seja pequeno agora, os casos humanos de malária de macaco evidenciam que a vigilância de doenças infecciosas precisa ser repensada e intensificada. O Rio e o Brasil como um todo apresentam todos os elementos de risco, isto é, grande população, infestação por mosquitos e florestas.
Principal doença infecciosa no mundo, a malária teve seu ciclo de transmissão no estado do Rio considerado interrompido em 1968. O estado onde a doença causou devastação até a primeira metade do século XX parecia livre de um dos seus maiores flagelos. Hoje, a região amazônica concentra cerca de 99,5% dos casos no Brasil.
– Só a análise molecular permitiu distinguir os dois e verificar que era o simium o causador da doença. Ele também foi identificado em macacos de florestas do Estado do Rio. Mas não sabemos a extensão da infecção em mosquitos anófeles (os transmissores da malária), comuns em áreas de floresta, e nos macacos. Ou se existem pessoas assintomáticas vivendo junto às regiões de mata – observa.
Um artigo sobre a descoberta está em elaboração por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de outras instituições brasileiras e estrangeiras.
O geneticista Mariano Zalis: “Não acreditamos que provocará uma epidemia agora, mas é um alerta”
O Brasil é um país tropical, com florestas e isso é um patrimônio valioso. Mas à medida que mais pessoas entram nas matas o risco de doenças aumenta, adverte o infectologista Paulo Feijó Barroso, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ.