Ajudante de pedreiro sumiu em julho de 2014 durante operação policial.
A juíza Daniela Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal da Capital, condenou oito policiais militares por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual no caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu na favela da Rocinha, em 14 de julho de 2013.
Por ser o superior e por dar exemplo aos subordinados, o major Edson dos Santos, então comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), recebeu a maior pena: 13 anos e 7 meses de prisão.
O tenente Luiz Felipe de Medeiros, subcomandante da UPP, foi condenado a 10 anos e 7 meses de prisão. De acordo com a sentença, ele orquestrou o crime junto com major Edson. O soldado Douglas Roberto Vital Machado pegou 11 anos e 6 meses, por ter atuado desde a captura até a morte dele. Os soldados Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Jairo da Conceição Ribas, Wellington Tavares da Silva e Fábio Brasil da Rocha da Graça foram condenados a 10 anos e 4 meses, cada um. Todos serão expulsos da Polícia Militar.
Na sentença a juíza critica a atitude dos policiais e diz que “nos deparamos com a covardia, a ilegalidade, o desvio de finalidade e abuso de poder exercido pelos réus”. Os policiais suspeitavam que Amarildo sabia onde traficantes escondiam armas e drogas. A sentença conclui que “Amarildo foi torturado até a morte. Depois da tortura, o major Edson ordenou que que todos os policias que estavam nos contêineres fossem embora de forma rápida”.
Para a juíza é evidente que o major não queria testemunhas no local , quanto menos policiais estivessem na sede, maiores as chances de encobrir o ocorrido. As investigações sobre o caso concluíram que ele foi torturado atrás dos contêineres onde funciona a sede da UPP. Vinte e cinco policiais militares chegaram a ser denunciados pelo crime. Mas uma outra apuração sobre o que foi feito do corpo do ajudante de pedreiro ainda está em andamento. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) são suspeitos de terem retirado o corpo de Amarildo da sede da UPP, dentro de uma viatura do Bope. A juíza Daniela Alvarez afirma que o caso revela que há despreparo dos policiais que participam da pacificação das comunidades do Rio.