Em 20 anos, Grande Rio perdeu mil km² de zona rural ou de preservação

Dezenove municípios foram mapeados com auxílio de imagens aéreas.

Um levantamento inédito que a Câmara Metropolitana fez em 19 cidades da Região Metropolitana. O trabalho revela muitos problemas, como diminuição de zonas rurais, o crescimento das cidades em direção às periferias e a desbastação de áreas de proteção ambiental.

Nos últimos 20 anos, o avanço das construções sobre zonas rurais ou de preservação ambiental chegou a mil quilômetros quadrados (km²), que correspondem às áreas de Nova Iguaçu e Duque de Caxias juntas. O ritmo deste crescimento foi de cerca de 60 quilômetros quadrados por ano.

O mapeamento foi feito a partir de imagens aéreas feitas sobre uma área de 2,65 milhões quilômetros quadrados. As imagens mostram a pressão de invasões ilegais nas reservas do Tinguá, do Guandu e de Guapimirim.

Em Seropédica, lagos enormes denunciam a devastação provocada por areais clandestinos. Um problema que também muda rapidamente a paisagem ao norte de Caxias.

Utilidade do mapeamento
O levantamento pode ser usado pra atualizar valores de impostos como o IPTU. Na estimativa dos organizadores deste mapeamento, as correções nas taxas podem aumentar em até 40% a arrecadação das prefeituras. E, com o novo retrato dos municípios, os prefeitos eleitos neste ano podem planejar ações.

“Coleta de lixo, drenagem das águas pluviais, pavimentação. Quer dizer, você tem um instrumento na mão que você pode medir”, diz o diretor executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro.

Entre os locais com grande crescimento se destacam Itaguaí, o caminho entre Niterói e Maricá, as margens da Via Dutra em direção a Queimados e Japeri, ao redor da BR-101, passando por Tanguá e Rio Bonito, e em direção a Cachoeiras de Macacu.

A duplicação da RJ-116 provocou muitas mudanças em Macacu. Lá e em outros municípios da Região Metropolitana o crescimento trouxe desafios: levar serviços básicos, como água, esgoto e transporte público para as áreas que receberam mais moradores.

“A expansão se dá de modo espraiado, disperso no território, e de baixa densidade. O que aumenta bastante não só o custo de investimentos para prover infraestrutura, como também aumenta bastante o custeio. Todos nós acabamos por pagar mais por não ter uma politica de ordenamento do solo metropolitano sustentável e adequada”, explica Loureiro.

A Câmara Metropolitana de Integração Governamental, criada em 2014, tem como objetivo promover a integração de políticas urbanas desenvolvidas pelo estado e pelos municípios da Região Metropolitana. O foco do desenvolvimento é em mobilidade urbana, segurança, saneamento básico, uso do solo, saúde e educação.

Fonte: G1