Deputados do Rio gastam R$ 135 mil em refeições pagas pelo Congresso

Até agosto, a bancada do Rio gastou R$ 135.793,70 desta verba com alimentação.

aerea_1_-_final_cmyk_2

No Benedictine, restaurante do shopping de luxo Village Mall, na Barra da Tijuca, o deputado federal Simão Sessim (PP-RJ) é um cliente assíduo. E de paladar exigente. No dia 4 de janeiro, um domingo, quando a Câmara estava em recesso, ele comeu um risoto de frutos do mar, tomou uma limonada, e, de sobremesa, pediu um tiramissu. A conta, de R$ 122,20, foi paga pelo Parlamento, dentro da chamada cota para exercício da atividade parlamentar a que cada uma de suas 512 excelências tem direito. Até agosto, a bancada do Rio gastou R$ 135.793,70 desta verba com alimentação.

Ao analisar notas fiscais apresentadas pelos 46 deputados federais do Rio, a reportagem  constatou que a bancada do garfo frequenta churrascarias de grife, restaurantes japoneses e templos da comida portuguesa. Na farra das notinhas, quem paga a conta é o cidadão.

deputados_gastoes-ABERTURA
Sessim lidera a lista dos parlamentares do Rio que mais gastaram a cota de R$ 35.388,11 com refeições: de janeiro a agosto deste ano, foram R$ 15.949, como mostrou na semana passada a coluna “Extra, Extra!”, de Berenice Seara. Neste período, foram 18 visitas ao Benedictine, duas aos domingos e todas pagas com dinheiro público. Questionado, Sessim prometeu mudar os seus hábitos:

— É bom o puxão de orelha. Vou parar de usar no fim de semana. Só em dia de sessão na Câmara. Não ligava para aquilo, R$ 2 mil por mês não é nada. É um funcionário do meu gabinete que pega as notas e manda para o reembolso, às vezes a gente nem vê.

Membro da bancada evangélica da Câmara, Francisco Floriano (PR-RJ) tem um fraco por carnes. No domingo de carnaval, o deputado degustou picanha para duas pessoas, com batata frita e arroz à piamontese, no Royal Grill, no Casa Shopping, também na Barra. Já no feriadão de Corpus Christi, optou por um rodízio na Estrela do Sul, na Tijuca. As duas refeições custaram R$ 360 à Câmara. Das 296 notas fiscais apresentadas por Floriano para justificar despesas com alimentação, 47 foram aos sábados, domingos e feriados.

No Domingo de Páscoa, gastou R$ 519 na galeteria Fórmula 2, na Tijuca. E apresentou a fatura à Câmara: a conta foi dividida em três notas, emitidas num intervalo de 20 minutos. Em 15 de abril, também não deixou passar R$ 3,50 por lata de refrigerante. Procurado, não atendeu as ligações.

1deputados_gastoes-Web

O deputado Ezequiel Teixeira (SD) gosta de diferentes temperos, a julgar pelas notas que apresentou. O parlamentar fez refeições em restaurantes árabes, alemães, italianos e, claro, brasileiros. Em dez deles, os gastos foram feitos em feriados e fins de semana. Ao todo, ele foi reembolsado em R$ 9.427,34.

Em nota, disse que não trabalha apenas em horário comercial nem apenas quando está em Brasília: “Todos esses gastos foram em refeições durante reuniões políticas’’.

O deputado Luiz Carlos Ramos (PSDC) também costuma gastar parte da sua cota com almoços nos fins de semana e feriados. Das 214 despesas registradas neste ano, por exemplo, 38 não foram em dias úteis. Questionado pela reportagem, o parlamentar se irritou:

— Não vou falar sobre negócio de cota, não. Dentro da cota, a gente tem uma exigência de utilização, e cada um utiliza dependendo do estilo. Tem deputado que gasta mais com gasolina, outro mais com passagem. Eu trabalho sábado, domingo, feriado, todos os dias. Deputado tem que fiscalizar uma porção de coisas.

Em nota, a Câmara disse que tem adotado medidas para aprimorar os procedimentos de controle e utilização da cota parlamentar.

2014-735

Entrevista com Gil Castello Branco, fundador da Associação Contas Abertas

Como o senhor avalia o uso pelos deputados das cotas parlamentares?

Estes penduricalhos não deveriam existir. As cotas surgiram quando os deputados reclamavam de baixos salários. Elas deveriam ser uma verba para permitir o exercício do mandato. Mas, com o tempo, começaram a aparecer notas de despesas caras, nos fins de semana, aparentemente incluindo os gastos de várias pessoas.

Deveria haver mais controle destes gastos?

Claro. Estas notas são simplesmente apresentadas e não há uma auditoria. Os deputados apresentam justificativas esfarrapadas, que são aceitas no Congresso Nacional, e fica por isso mesmo. É lamentável que aconteçam estes gastos exorbitantes, pois eles desmoralizam o Congresso. São fatos como estes que fazem a credibilidade dos representantes ser mínima.

MGT
Fonte: Jornal Extra

 

 

Além disso, verifique

TEMPO NO RIO SEGUE INSTÁVEL NESTA QUARTA-FEIRA

Previsão é de chuva fraca a moderada isolada. O tempo segue instável nesta quarta-feira (11). …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *