Apuração é baseada em depoimento do ex-diretor da Petrobras.
Dois delatores da Odebrecht relataram que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), recebeu propina da empresa. O dinheiro teria sido repassado de duas maneiras — entregue pessoalmente e depositado em contas no exterior — e registrado na contabilidade paralela da empresa. Pezão é alvo de uma petição remetida ao Superior Tribunal de Justiça (STJ); caberá ao tribunal decidir dar prosseguimento ou não às investigações. Não há menção a valores no documento tornado público pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
As informações foram prestadas por Benedicto Júnior, ex-presidente da construtora Odebrecht, e seu braço-direito Leandro Andrade Azevedo, diretor de Infraestrutura da Odebrecht no Rio. As denúncias contra Pezão motivaram um pedido de investigação apresentado pelo procurador-geral Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal. Por conta do foro privilegiado de Pezão, Fachin remeteu o caso ao STJ no último dia 4.
“Trata-se de petição instaurada com lastro nos termos de depoimento dos colaboradores Benedicto Barbosa da Silva Júnior (Termo de Depoimento n. 39) e Leandro Andrade Azevedo (Termo de Depoimento n. 6), os quais relatam que foram feitos pagamentos indevidos a Luiz Fernando de Souza (Pezão), atual Governado do Estado do Rio de Janeiro, pela equipe de Hilberto Silva. Esses repasses teriam sido registrados no Sistema “Drousys”, enquanto os valores foram entregues em quantias pessoalmente e por meio de contas no exterior”, escreveu Fachin no ofício enviado ao STJ.
Pezão tem reiterado que um outro pedido de investigação contra ele já foi arquivado no STJ. A apuração era baseada em um depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que afirmou que o governador estava presente em uma reunião em que o ex-governador Sérgio Cabral pediu R$ 30 milhões em caixa dois. Em outra frente das investigações, o advogado Jonas Lopes Neto, filho de Jonas Lopes de Carvalho, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), afirmou que Pezão se beneficiou com R$ 900 mil em recursos desviados do esquema que funcionava no TCE. O delator disse que o subsecretário adjunto de Comunicação do governo, Marcelo Amorim, contou a ele ter recolhido a quantia em empresas de alimentação para pagar “despesas pessoais” de Pezão. Marcelinho, como é conhecido, é apontado como um dos operadores do esquema e é casado com uma sobrinha de Pezão. O governador chamou a acusação de “mentira deslavada” e disse que vai processar o delator. Marcelinho também nega as acusações.
Em nota, o governador Luiz Fernando Pezão classifica como “mentirosa” a acusação e nega com veemência que tenha recebido recursos ilícitos “pessoalmente ou por meio de contas bancárias”. Ele ressalta ainda que não tem e nunca teve conta no exterior.
Fonte: Jornal O Globo