Delator mencionou Aécio, Renan e Randolfe por suposta propina

Os dois senadores negam que tenham recebido dinheiro do esquema de Alberto Youssef e da UTC.

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A Operação Lavajato começa a lavar a roupa para além do PT e do PMDB. Um dos entregadores de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, disse, ao firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, que os senadores Aécio Neves e Randolfe Rodrigues receberam dinheiro do esquema de corrupção sistêmica que, pensava-se, era “patrimônio” do dueto PT-PMDB. Os dois negam terem recebido qualquer quantia.

Carlos Alexandre frisa que entregou 300 mil reais, orientado por Alberto Youssef, a um diretor da empreiteira da UTC, Antônio Carlos D’Agosto Miranda, no Rio de Janeiro, em 2013. “Ainda bem que esse dinheiro chegou, porque eu não aguentava mais a pessoa me cobrando tanto”, disse Antônio Carlos. “Quem é essa pessoa?”, inquiriu Carlos Alexandre. “Aécio Neves”, esclareceu o diretor. Em nota, divulgada na terça-feira, 29, o senador mineiro tachou a citação de seu nome de “absurda e irresponsável”. A nota acrescentou: “A falsidade da acusação pode ser constatada também pela total ausência de lógica: o senador não exerce influência nas empresas do governo federal com as quais a empresa atuava e não era sequer candidato à época mencionada. Além disso, a UTC não executou nenhuma obra vinculada ao governo de Minas Gerais no período em que o senador governou o Estado. O senador não conhece a pessoa mencionada e, de todas as eleições que participou, a única campanha que recebeu doação da UTC foi a de 2014, através do comitê financeiro do PSDB”. O tucano avalia que querem constrangê-lo: “Trata-se de mais uma falsa denúncia com o claro objetivo de tentar constranger o PSDB, confundir a opinião pública e desviar o foco das investigações”. Pode ser que Aécio Neves tenha razão, mas a investigação precisa ser aprofundada. Afinal, o argumento dele serve também para os suspeitos e acusados do PT e do PMDB.

Diretor da UTC citado
Rocha afirmou, também, que entregou R$ 300 mil ao diretor comercial da empreiteira UTC, empresa investigada na Lava Jato por suposta participação em desvio de recursos da Petrobras. Esse diretor, Antonio Carlos D’Agosto Miranda, teria afirmado a Rocha que o dinheiro se destinava ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Nem o dono da UTC, Ricardo Pessoa, nem o diretor financeiro da empresa, Walmir Pinheiro Santana, citaram Aécio Neves nos depoimentos que prestaram aos investigadores da Lava Jato. Rocha afirmou no depoimento que questionou Miranda sobre a “agonia por esse dinheiro”,  entregue ao diretor, segundo disse, “provavelmente” em setembro ou outubro de 2013, no Rio de Janeiro.

De acordo com o depoimento, Miranda fez um desabafo: “Ainda bem que esse dinheiro chegou, porque eu não aguentava mais a pessoa me cobrando tanto”. Rocha disse no depoimento que em seguida perguntou ao diretor quem era essa pessoa e que Miranda teria respondido: “Aécio Neves”.

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Veja o que diz cada um dos citados:

Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
A citação ao nome do senador Aécio Neves é falsa e absurda e, além de não ter nenhuma comprovação, já foi desmentida três vezes: pela empresa, e  pelos depoimentos de seu presidente e de Alberto Yousseff.

Trata-se de mais uma tentativa de confundir a opinião publica e levar os veículos de comunicação a citar nomes de políticos da oposição em um escândalo que pertence ao governo do PT. Como outras tentativas de fraude, essa também será desmascarada.

Ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC)
A defesa de João Pizzolatti  afirma que ele não conhece o senhor Ceará  e afirma categoricamente que Pizzolatti não recebeu nenhum valor do doleiro Alberto Yousseff  ou de pessoas ligadas a ele. A defesa afirma ainda que se eventualmente dividas de campanha foram pagas por josé janerne pizzolatti não pode ser responsabilizado.

Ex-deputado Luiz Argôlo
A defesa do ex-deputado Luiz Argôlo informou que não teve acesso à delação de Carlos Alexandre de Souza Rocha. A defesa também afirmou que os negócios entre o ex-deputado e o doleiro Alberto Youssef foram transações privadas lícitas – a venda de um tereno e de um helicóptero. A defesa de Argôlo ainda nega que o ex-parlamentar tenha recebido recursos ilícitos do doleiro.

Ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP)
O ex-ministro Mário Negromonte, que atualmente integra o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, afirmou, por telefone, que nunca ouviu falar em Carlos Alexandre de Souza Rocha e que não tem conhecimento sobre as afirmações dele. Negromonte disse que a situação é “absurda” e que o caso se trata de um criminoso querendo se livrar do crime acusando cidadãos sem nenhuma prova material.

Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
“Isso é totalmente sem noção. É hilário, incabível. Primeiro eu não sei nem quem é o senhor Carlos Alexandre Rocha. Nunca tive contato com quem quer que seja. Minha campanha em 2010 foi feita com base em doações individuais, de pessoas físicas. O orçamento total da minha campanha em 2010 foi de R$ 210 mil. Esse valor de R$ 200 mil [citado por Rocha] chega a quase ser superior ao orçamento da minha campanha. Estou achando que isso [a citação a Randolfe] é algo arranjado. Nunca soube quem é Carlos Alexandre Rocha nem quem é Alberto Youssef. Nunca nem passei perto dele. Não conheço nem pessoas que sejam próximas a ele. Nunca tive relação direta ou indireta com prestadores de serviços de empreiteiras”.

Senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado
Por meio de sua assessoria de imprensa, “o senador Renan Calheiros nega as imputações e reitera que não conhece a pessoa de nome Alberto Youssef”.

Numa conversa com Alberto Youssef, Carlos Alexandre ficou sabendo que se pretendia instalar uma CPI para investigar a Petrobrás. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) receberia 2 milhões de reais para evitá-la. A CPI não foi criada. O entregador de dinheiro disse que no Senado havia políticos sérios, como Randolfe Rodrigues, e o doleiro contrapôs: “Para esse aí já foram pagos R$ 200 mil”. O político frisa que a acusação é “irresponsável” e “descabida”. “É uma declaração pior que irresponsável. Eu nunca tive uma relação, contato, aproximação de nenhuma natureza seja com ele. Com Youssef muito menos. Devido a que esse senhor citou meu nome? Que razões levou a isto? Por que citou meu nome se nem Youssef citou? Motivado por que ou por quem?” Renan Calheiros disse que não recebeu dinheiro e que não conhece o doleiro.

MGT
Fonte: Jornal Opcão/G1

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