O Brasil quer um homem que tenha sangue nos olhos para emparedar vagabundo.
“Mito! Mito! Mito!”. O grito de guerra animou os militantes que lotaram a convenção do PSL. O clima de idolatria dominou o encontro, que lançou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência.
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Este homem, para mim, é um herói nacional derramou-se o presidente do partido nanico, Gustavo Bebianno. Ele não prega a correção, ele é o exemplo de correção. Posso dizer que sou, de forma hétero, apaixonado por Bolsonaro disse.
Um a um, os oradores cultuavam a personalidade do presidenciável.
Ele é sincero. Correto. Patriota elogiou o conselheiro Paulo Guedes, antes de autorizar o candidato a “matar as aulas de economia para caçar voto”.
O Brasil quer um homem que tenha sangue nos olhos para emparedar vagabundo. Você tem emendou o senador Magno Malta (PR-ES), que rejeitou a vaga de vice, mas prometeu pedir votos para o capitão.
Na entrada do centro de convenções, um boneco inflável de Bolsonaro saudava os militantes. No auditório, sua imagem se multiplicava em faixas e camisetas. Um fã mais empolgado desfilava com uma tatuagem do deputado na perna direita.
No palanque, as loas ao candidato só rivalizavam com a pregação contra a esquerda. No retrato pintado pelos bolsonaristas, o Brasil parece ser um país a dois passos de se converter ao comunismo.
Os ladrões esquerdopatas estão roubando o nosso Brasil bradou o deputado Major Olímpio (PSL-SP), um dos líderes da bancada da bala na Câmara.
Dominaram as escolas com militantes disfarçados para pregar a ideologia de gênero emendou o deputado Delegado Francischini (PSL-PR).
O general Augusto Heleno, que também recusou a vice de Bolsonaro, atacou o passado de Dilma Rousseff na luta contra a ditadura militar. A plateia engrenou um coro de “terrorista” para a ex-presidente.
Depois de onze homens discursarem, a advogada Janaína Paschoal foi à tribuna como representante solitária das mulheres. Ela começou atacando o “totalitarismo petista”, mas surpreendeu ao criticar o “pensamento único” dos fãs do capitão.
Reflitam se não estamos correndo o risco de fazer um PT ao contrário pediu.
Ao contrário dos outros, foi mais aplaudida antes do que depois de falar.
Bolsonaro começou em tom humilde, rejeitando o rótulo de “salvador da pátria”. No fim do discurso, já se apresentava como um “escolhido” para subir a rampa do Planalto.
Para quem jurou dar a vida pela pátria, o que é dar a vida pelo mandato? perguntou, para delírio dos seguidores.
Fonte: Jornal O Globo