Mobilização concentra empresários e motoristas autônomos.
Cerca de 300 caminhões e carretas começaram a concentração antes das 6h no Mercado São Sebastião, na Penha, Zona Norte do Rio, na manhã desta segunda-feira, para realizar uma manifestação pacífica contra roubo de cargas. A mobilização reúne empresários e motoristas autônomos. Dois carros de som com faixas escritas “Roubo de cargas: já morreram três motoristas, quantos mais ainda precisam morrer?” e “Roubo de cargas agride a sociedade, gera mais desemprego e produtos mais caros à população” também foram montados. Uma equipe da CET-Rio chegou ao local para acompanhar o trajeto que deve seguir para a Rodovia Presidente Dutra. Os motoristas se concentram e em seguida seguem no sentido Pavuna, onde se encontrarem com outros para trafegar no sentido Into, no Caju.
Alessandra Guedes, de 45 anos, foi a primeira a parar a carreta no pátio próximo à Avenida Brasil. Motorista há mais de dez anos e acostumada a fazer viagens no nordeste e sudeste do país, ela conta que já presenciou assaltos e arrastões na cidade:
O Rio certamente é a região mais violenta. As obras na Avenida Brasil congestionam o trânsito e facilitam a ação de bandidos das comunidades ao entorno. Estou acostumada a andar na madrugada e geralmente fico dois dias na estrada. Na empresa que trabalho, que fica na Vila Kennedy (na Zona Oeste da capital), eles ensinaram a gente a ter uma direção evasiva. que é manter distância, ficar a 369 graus e olhar no retrovisor a cada dois segundos para ver se não está sendo seguido.
A motorista, que é carioca de Padre Miguel (também na Zona Oeste), comenta que se arriscou na profissão pela paixão em pegar a estrada. Mãe de um jovem de 20 anos, ela disse que a classe anda desvalorizada e exposta ao perigo.
Temos que ter jogo de cintura para lidar com a violência da cidade, principalmente a gente que é mulher. A gente fica propensa ao roubo de cargas e a assaltos. Eles entram na lateral, pegam a arma e mandam encostar. Temos grupos de amigos que ficam informando essas ocorrências, mas não tem policiamento suficiente nas vias.
O Centro de Operações Rio (COR) informou que ainda não há impactos no trânsito da cidade por causa da manifestação. Segundo o órgão, “eles ainda estão concentrados e as equipes da prefeitura seguem no monitoramento”.