Pescadores fazem planos para notas encontradas em mergulhos.
Pescador jura que não é história de pescador. Para provar que encontrou R$ 45 mil em um mergulho no mar da Urca, domingo, Roberto Pereira, de 42 anos, convida para um passeio no barco. E mostra, feliz, o material comprado para reforma da embarcação: R$ 3.280 em madeira e R$ 4.200 em fibra. Ele já pensa no resto do material. Um presente de Natal vindo do mar, diz o pescador.
Domingo, Roberto foi um dos primeiros a se lançar à caça do tesouro. Desde o fim de semana, dezenas de pessoas já caíram nas águas em busca de pilhas de notas de R$ 50 e R$ 100 que misteriosamente apareceram perto da orla do bairro. De manhã, foi alertado por uma marinheira de que tinha dinheiro boiando embaixo na ponte sobre o Quadrado da Urca. Pegou seu equipamento de mergulho e caiu na água.
Grana está na conta
Se ainda havia alguma dúvida se as notas eram verdadeiras, hoje os caçadores do tesouro da Urca estão aliviados. Já mostram os comprovantes de depósito do dinheiro encontrado nas águas. O mergulhador Adriano Guimarães, de 36 anos, encontrou R$ 10,2 mil no fundo do mar, a uma profundidade de quatro metros.
Saudosismo
Quem vê as notas chegarem sente saudades de antigas estações: “O verão da lata foi muito melhor. Aqui na Urca chegaram várias. É o segundo presente que vejo o povo receber do mar”, conta o professor de stand up paddle Leandro Guerra, de 55 anos. Uns se lembram do verão de 1987, quando milhares de latas de maconha foram despejadas de um navio e chegaram à orla carioca. Outros dizem que o dinheiro foi oferenda de Eike Baptista ou até “propina do Cabral”.
Desespero
Alex Conceição andava pelas pedras quando pensou ter visto um papel azul boiar no mar. Pulou de roupa e tudo à procura da nota de R$ 100, com a pochete e o celular em punho, sem medir os danos ao eletrônico, que não ligava após o mergulho. Era plástico. E tem gente com medo de botar a mão nas notas. Dizem os supersticiosos que tudo que é lançado ao mar pertence a Iemanjá e não traria sorte pegar. Mas a maioria é cética e pega.
Ainda para o oceanógrafo José Lailson Brito, as notas devem ter sido lançadas há pouco tempo no mar: “Pelo que eu vi das fotos, as notas estão em bom estado. Qualquer coisa em contato com a água muito tempo já ganha uma coloração esverdeada, amarronzada, que é um filme de bactérias e algas. Matéria orgânica, como papel, se degrada rápido, mesmo as notas que passam por um tratamento especial”.
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