BRT fecha estações, postos secam, Ceasa quase vazio: quarto dia de protestos no Rio

Greve de caminhoneiros entra no quarto dia; RJ enfrenta falta de combustível e menos ônibus.

O Rio de Janeiro vive o quarto dia de protestos de caminhoneiros nesta quinta-feira (24). As empresas anunciaram menos ônibus nas ruas do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana por causa da falta de combustíveis. Muitos postos já estão com as bombas vazias. A Prefeitura do Rio recomenda que os passageiros usem o metrô e trens.

Às 6h33, caminhoneiros protestaram na Avenida Washington Luís e chegaram a fazer uma fogueira entre os canteiros que dividem as pistas, levantando uma cortina de fumaça. O RJ conta com sete pontos de manifestação nas estradas. Um dos maiores é na Via Dutra, na altura de Seropédica.

Ônibus: BRT fechado parcialmente

Segundo o BRT, todas as estações da Avenida Cesário de Melo, no corredor Transoeste, e no trecho entre Madureira e Fundão, na Transcarioca, estão fechadas. De acordo com o consórcio, elas devem voltar a operar assim que mais carros forem abastecidos.

O BRT Rio informa que, por causa do problema de falta de abastecimento de combustível, estão em operação apenas os seguintes serviços:

TRANSOESTE

10 (Expresso, Santa Cruz-Alvorada);
12 ( Expresso, Pingo D’água-Alvorada);
21A (Parador, Recreio-Jd. Oceânico)
25 (Semiexpresso, Mato Alto-Jd. Oceânico)

TRANSCARIOCA

35 (Parador, Madureira-Alvorada)40 (Expresso, Madureira-Jd. Oceânico)
41 (Expresso, Madureira-Recreio)

TRANSOLÍMPICA

50 (Parador, Centro Olímpico-Jd. Oceânico)
51 (Parador, Recreio-Vila Militar)
53 (Expresso, Sulacap-Jd. Oceânico)

No Terminal Alvorada, na Zona Oeste, apenas metade da frota está nas ruas. Passageiros vindos de Santa Cruz contaram que levaram mais de uma hora para conseguir embarcar, quando os veículos costumam passar a cada 15 minutos. Eles também reclamam da lotação acima da média nos veículos.

“Está tudo cheio. E as pessoas falam ‘não abre a porta’. Tem gente que não consegue embarcar. Eu levei 45 minutos para chegar aqui”, afirmou Maria Madalena, passageira que saiu da estação Magarça.

No terminal de ônibus da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, alguns passageiros reclamam que estão levando mais tempo para cumprir o trajeto por causa da falta de veículos. Uma passageira contou fez o trajeto entre a Vila da Penha e o Centro em três horas, quando ela costuma fazer o caminho em uma hora durante a madrugada.

Na garagem da empresa Redentor, uma das maiores da Zona Oeste, às 6h30, era possível ver pelo menos 90 ônibus parados.

Postos de combustíveis

Na manhã desta quinta-feira, dos 800 postos do Município do Rio, 90 estão totalmente secos. Antônio Barbosa Ferreira, presidente do sindicato do setor, alerta que nas próximas horas 400 não terão o que vender. No restante, pelo menos um combustível já acabou.

“A situação é crítica”, resume Ferreira.

O presidente afirmou que condena donos de postos que elevaram preços – há relatos de gasolina premium a R$ 10 o litro. “Condenamos quem se aproveita dessa situação”, disse.

Alimentos

Na madrugada desta quinta-feira, apenas 50 caminhões chegaram à Ceasa, principal central de abastecimento do Rio, em Irajá – e apenas com meia carga. O volume normal é de 350 caminhões.

O presidente da associação local, Waldir Lemos, alerta que os boxes podem não ter o que vender já nesta sexta-feira (25).

“Os produtores estão parando de colher”, explicou Lemos. “O pessoal não está comprando, a qualidade não é a mesma”, continuou.

Os preços na madrugada voltaram a subir. A caixa de tomate, normalmente vendida a R$ 50, saía por R$ 120; a batata, que de R$ 60 disparou para R$ 400, chegou a R$ 500. Pela manhã, no entanto, sacos eram encontrados a R$ 300, devido à queda na demanda.
PRF garante estradas livres

A Polícia Rodoviária Federal informou que autuará os motoristas que usarem qualquer veículo para interromper ou restringir a circulação nas rodovias federais.

De acordo com a PRF, os motoristas que desrespeitarem a determinação poderão ser multados em R$ 5.869,40. Além disso, terão o direito de dirigir suspenso por 12 meses. Em caso de reincidência, a multa é aplicada em dobro, chegando a R$ 11.738,80. A legislação ainda prevê multa de R$ 17.608,20 para os organizadores do movimento. As penalidades são aplicáveis em pessoas físicas ou jurídicas que incorram na infração.

Denúncias à PRF podem ser feitas através do telefone 191.

Interior do estado

REGIÃO DOS LAGOS

O Grupo Salinera, responsável pelo transporte público dos ônibus municipais e intermunicipais da região, opera com 70% da frota. Os passageiros sentem e redução e reclamam da demora na passagem dos veículos.

O trajeto entre Araruama e Cabo Frio, por exemplo, estaria demorando mais de duas horas e meia.

A Viação 1001, outra empresa de ônibus importante para a região, informou que algumas viagens podem ser canceladas.

Os motoristas também enfrentam longas filas para abastecer.

SUL FLUMINENSE

Cerca de 500 produtores de leite de Barra Mansa tiveram que jogar cerca de 130 mil litros do produto fora por não terem como escoar a produção. Isso significa um prejuízo de cerca de R$ 200 mil por dia.

Em Sapucaia, os produtores também não conseguem fazer com que as hortaliças cheguem até o Ceasa, na capital.

MACAÉ

A “capital nacional do petróleo” está sem combustível. A cidade tem 26 postos e, no fim da tarde de quarta (23), 18 deles anunciaram que estavam sem produtos para abastecer os veículos.

Isso provocou uma corrida e longas filas. A falta de abastecimento também afeta o transporte público, com uma redução de 20% da frota.

De acordo com comando do 32º Batalhão, que atende a região, a recomendação aos policiais é fazer um racionamento. As viaturas estão paradas em pontos estratégicos.

COSTA VERDE

Nenhum posto em Angra dos Reis possui GNV para abastecer. Também falta gasolina em alguns postos.

A frota de ônibus que circula pela cidade também está reduzida e os passageiros enfrentam um intervalo maior. Os veículos que passavam a cada 20 minutos agora levam 40 minutos.

Em Paraty, a empresa que faz o transporte de passageiros também anunciou uma redução no número de veículos nas ruas, principalmente os que fazem linhas intermunicipais.

Fonte: G1

 

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