‘Parece que é o trabalho dele; que é policial e ele tem que morrer’, afirmou.
O secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nessa quinta-feira (22), que as mortes dos policiais precedidas de tortura deveriam causar comoção na sociedade e não só na polícia. O secretário comparou o choque causado por execuções registradas recentemente no Rio de Janeiro, como a do soldado Neandro Santos Oliveira, morto no Chapadão, com as cenas de ameaça e morte por grupos insurgentes do Oriente Médio. As declarações aconteceram em cerimônia de 20 anos do Disque Denúncia.
“A gente vê isso com muita indignação e muita tristeza. Eu gostaria que a sociedade visse isso com indignação e tristeza. Parece que é o trabalho dele; que ele é policial e ele tem que morrer. Mas, na maneira com que isso acontece, com requinte de crueldade, com barbáries e com tortura com condução pra esse lugar de queimar essas pessoas [se referindo ao soldado Neandro], isso deve causar uma indignação não só na polícia. Isso deve causar uma indignação na sociedade. A gente assiste em noticiários internacionais instituições fora do país, como no Oriente Médio, ameaçando uma pessoa que vai ser morta e isso causa uma indignação internacional. Aqui, levam um policial para dentro de um lugar daqueles ali , torturam ele como a gente sabe que fizeram é isso não dá nenhum tipo de corpo para uma reação ou para uma resposta de indignação da sociedade como um todo. Isso sim me deixa muito triste”, disse Beltrame. O secretário lembrou ainda da morte do policial militar Bruno Rodrigues Pereira, encontrado na comunidade Dom Bosco, em Nova Iguaçu. Segundo as investigações, ele foi amarrado a um cavalo e arrastado.
Ele ressaltou também que, em áreas onde há Unidades de Polícia Pacificadora, não existem mais “cenas medievais”, se referindo aos índices de policiais mortos e homicídios nessas regiões.
“O Rio de Janeiro tem facções que idolatram armas de fogo, tem pessoas ligadas ao crime que tem uma banalização pela vida, seja do policial ou não. A solução para esses problemas, na minha visão, é a polícia ocupar esses territórios e, a partir daí, oferecer outras opções para essas pessoas que não o crime. O índice de policiais mortos e homicídios em áreas onde a polícia está presente, mesmo com todos os problemas que queiram dizer, nós não temos cenas medievais, como essa que aconteceu no Chapadão e essa outra que aconteceu em São João de Meriti”, completou.