Aliado do Planalto, Picciani é reeleito líder do PMDB na Câmara

Cunha minimiza derrota, mas mapeia traições e planeja reação.

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Se até esta manhã o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cantava vitória para seu aliado Hugo Motta (PB) na disputa pela liderança do PMDB, o tom do discurso foi outro após a eleição do adversário Leonardo Picciani (RJ) por sete votos de diferença. À imprensa, Cunha minimizou o resultado desta quarta-feira, afirmou não se sentir derrotado e reduziu o processo a uma escolha da bancada. Nos bastidores, porém, uma reação já está sendo avaliada: o peemedebista está dedicado a fazer cálculos e a mapear a origem das traições que fizeram naufragar seus planos de ter um braço-direto no comando da legenda.

Picciani foi eleito nesta tarde por 37 a 30 votos, e duas abstenções. Cunha havia estimado placar próximo a esse, mas favorável a Hugo Motta. Após o anúncio do resultado, ele deixou rapidamente o plenário e dirigiu-se ao seu gabinete, onde já pôde constatar pelo menos quatro traidores.

Dois deles são de parlamentares de Tocantins que podem ter sofrido influência da ministra e conterrânea Kátia Abreu: Dulce Miranda e Josi Nunes. Ligados a Renan Calheiros, que nos últimos tempos se tornou um fiador do Palácio do Planalto, os deputados Veneziano Vital do Rêgo (PB) e Aníbal Gomes (CE) também são apontados por pessoas próximas a Cunha e a Hugo Motta entre os que mudaram de lado. Supõe-se que eles tenham sido beneficiados de alguma forma pelo governo, como a clássica liberação de verbas por ministérios.

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Apesar da diferença de sete votos para Picciani, a expectativa é a de que a bancada continue rachada, já que três dos votantes desta tarde ocupam outras funções, como secretarias no Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde, e voltam a seus cargos após a eleição. Caso seus suplentes façam oposição a Picciani, a situação provocaria quase um empate entre as duas alas. Nesse caso, a possibilidade de recorrer novamente ao uso de listas não está descartada. Picciani perdeu o cargo de líder no ano passado justamente por causa do uso deste expediente: em uma articulação de Cunha, deputados reuniram assinaturas de metade da bancada e elegeram Leonardo Quintão (MG) para o comando da bancada. Na semana seguinte, porém, o deputado fluminense contou com a ajuda do governo e recuperou o cargo. Neste ano, foi firmado um acordo de que não valeria mais o uso de listas. Mas acordos, dentro do PMDB, não raro são quebrados.

Crítico de Picciani, que acusa de desunir a bancada, Cunha afirmou nesta quarta que agora cabe esperar a forma com que Picciani vai conduzir a bancada. “Se não conduzir para que a sua maioria se expresse, certamente haverá outra revolta no seu devido tempo”, disse. “A bancada não age, a bancada reage”, continuou. Hugo Motta, porém, nega qualquer estratégia contra Picciani. “Não se pode partir para o revanchismo. É necessário aguardar para ver como ele vai começar a liderança dele. Faltou voto. Não pode botar culpa nos outros”.

Cunha negou ainda estar isolado e ponderou que quem votou em Picciani “não necessariamente” é contra ele. “Eu sou uma pessoa muito habituada a receber os resultados das eleições com muita tranquilidade. Quem você apoia pode ganhar ou perder. É da vida”, disse. Ele reforçou que não considera o resultado uma derrota sua. “A minha disputa eu nunca perdi uma. Mas não fui eu que disputei. Eu apoiei.”

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Impeachment
Caberá ao líder de cada bancada indicar os integrantes da comissão especial que analisará o pedido de afastamento da petista. As 65 cadeiras do colegiado serão distribuídas de acordo com o tamanho das bancadas -o PMDB terá direito a oito.

O resultado da eleição aponta ainda para uma perda de influência do presidente da Câmara sobre a bancada peemedebista. Em 2014, quando foi líder da bancada, e no ano passado, à frente da presidência da Câmara, Cunha capitaneou diversas derrotas ao Planalto, inclusive com a deflagração do processo de impeachment, mas perdeu forças diante do agravamento das denúncias contra ele na Operação Lava Jato.

Picciani, por outro lado, começou 2015 com uma postura mais crítica ao governo Dilma Rousseff. Eleitor do senador Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pela Presidência, o líder peemedebista se aproximou do Planalto com a abertura para indicar dois ministros para a Esplanada.

A aproximação de Picciani com o governo descontentou ainda mais a ala mais rebelde do partido quando ele indicou integrantes menos críticos a Dilma para a comissão do impeachment, que acabou desfeita.

Ele chegou a ser destituído do posto em dezembro por oito dias em uma articulação patrocinada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, e Eduardo Cunha, mas conseguiu reaver o posto com o apoio da maioria.

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Fonte: Veja

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