Ela responderá por homicídio e exercício ilegal da medicina.
Danielle Cândido Cardoso responsável pelo procedimento estético feito na microempresária Fernanda Assis, de 29 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça. Na manhã desta terça-feira, policiais estiveram na casa da suspeita, em Mesquita, na Baixada Fluminense, mas ela não foi encontrada. Assim, Danielle é agora considerada foragida. Ela responderá por homicídio e exercício ilegal da medicina.
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Fernanda Assis morreu no último sábado, nove dias após fazer preenchimentos nos lábios e nos glúteos o procedimento foi realizado na casa da vítima, em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio.
A polícia investiga a informação de que a suspeita usou uma espécie de supercola para tentar evitar o vazamento de uma substância que foi aplicada no corpo da vítima. Os investigadores aguardam o resultado do laudo cadavérico para saber exatamente que produto foi aplicado em Fernanda.
Testemunhas e pessoas ligadas à microempresária contaram que a vítima já havia feito um outro procedimento estético recentemente e por isso teria recebido a recomendação de não se submeter a nenhum preenchimento em um espaço de tempo tão curto. Danielle também sabia do fato, mas optou por fazer assim mesmo o procedimento.
Informações sobre o paradeiro da mulher poderão ser passadas ao Disque-Denúncia (21 2253-1177).
Namorado volta a postar: ‘Pensando em você’
O namorado de Fernanda, Alex Fernando, voltou a usar sua rede social para desabafar sobre a morte dela: “Corpo cansado, pensando milhares de coisas, minha mente massacrada pensando em você a todo tempo…”, escreveu ele no Facebook.
Alex tem recebido centenas de mensagens de apoio em seu perfil. Ele esteve na 31ª DP nesta segunda-feira para registrar a morte de Fernanda e afirmou que a microempresária foi vítima de uma procedimento ilegal:
— A delegacia já identificou a pessoa (que fez o procedimento na Fernanda). O nome já está com eles (policiais). Vão ser tomadas as medidas cabíveis. O motivo da morte foi um procedimento estético ilegal, sem prescrição médica, e que por isso ela veio a óbito.
Especialista faz alerta sobre riscos
Membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o cirurgião Bruno Herkenhoff chama a atenção para as semelhanças entre os casos de Fernanda e da bancária Lilian Calixto, que morreu em julho passado após complicações em um procedimento estético, realizado em uma cobertura na Barra da Tijuca. Nos dois casos, as pacientes fizeram o procedimento em casa, o que é proibido.
Apesar de muitos profissionais realizarem procedimentos em clínicas e consultórios, toda cirurgia, estética ou não, deve ser feita num centro cirúrgico. Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica contraindica o uso do PMMA em grande quantidade.
– Para evitar riscos desnecessários, a orientação é buscar profissionais credenciados. A sociedade disponibiliza no seu site os nomes dos cirurgiões habilitados para realizar procedimentos estéticos. Os médicos qualificados têm uma carga horária maior de residência médica, com três anos de estudo além dos dois anos de residência médica – diz Bruno Herkenhoff, acrescentando que trabalho realizado por profissionais sem qualificação pode resultar em necroses e perfurações de órgãos além de mortes, como ocorreu com Fernanda.
Relembre o caso do Doutor Bumbum
Em 15 de julho deste ano, a bancária Lilian Calixto, de 46 anos, deixou Cuiabá com destino ao Rio de Janeiro na intenção de fazer um preenchimento nos glúteos com o médico Denis Furtado, conhecido por seus clientes e centenas de milhares de seguidores nas redes sociais como “Doutor Bumbum”. O sonho de R$ 20 mil começou a se tornar pesadelo quando, após o procedimento, na cobertura do próprio médico, na Barra da Tijuca, Lilian começou a se sentir mal. Ela, então, foi levada por Denis, a namorada dele, Renata Cirne, e a mãe, Maria de Fátima Barros, para o Hospital Barra d’Or, também na Zona Oeste.
As câmeras do hospital flagraram quando Lilian chegou, em uma cadeira de rodas, com dificuldade para respirar e apoiando o rosto na mão. Ela estava lúcida, porém com taquicardia, sudorese intensa e hipotensão. Logo em seguida, o quadro de Lilian se agravou. Ela sofreu quatro paradas cardíacas e morreu pouco depois. A hipótese inicial levantada sobre as causas morte seria embolia pulmonar, devido à aplicação de PMMA, polimetilmetacrilato, uma substância sintética.
Não demorou para que ex-pacientes do médico aparecessem, denunciando diversos outros tipos de problemas em seus procedimentos.
Denis continua preso, acusado de homicídio qualificado e associação criminosa. Grávida, Renata chegou a ser presa, mas recebeu habeas corpus e foi solta.