A corrida presidencial e as propostas de governo em 2º Plano.
As campanhas eleitorais são fundamentais para a democracia por ser o momento privilegiado da relação entre os cidadãos e a política. É a hora em que os eleitores avaliam os atributos pessoais dos candidatos e seus planos de governo para selecionar a opção que consideram melhor à luz de seus interesses individuais ou coletivos. Nas disputas eleitorais, os candidatos têm a alternativa de escolher entre dois cursos de ação: enaltecer as suas próprias qualidades ou ressaltar as características negativas de seus adversários.
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O nível da campanha presidencial deste ano parece uma reedição mais tecnológica de eleições passadas. Isso porque, além das declarações, agora há as ferramentas de internet. Os sites, blogs, microblogs e as redes sociais viraram campos de acolhimento para as tropas de choque dos candidatos e palco de muito bate-boca virtual.
É impressionante ouvir os políticos se tratando com termos como idiota, mentiroso, babaca. Um desrespeito que ultrapassa a relação entre eles e chega ao eleitor. Mas se engana quem pensa que o clima vai acalmar, a tendência é que o festival de chute na canela continue.
A situação é tal qual uma partida de futebol. Quando o jogo já tem um adversário vencendo, disparado na frente e está perto do final, os jogadores até seguram a bola e ficam mais tranquilos. Mas com o zero a zero a tendência maior é de partir para o tudo ou nada.
Sem a polarização esperada com Bolsonaro, Alckmin acabou sendo o mais acionado pelos concorrentes. Marina Silva, Alvaro Dias e Ciro Gomes trataram de lembrar e criticar o grande arco de alianças que o candidato do PSDB conquistou nesta eleição. Com nove partidos aliados, muitos deles ligados de forma profunda aos casos de corrupção que abalaram o país nos últimos anos, como o Mensalão e o Petrolão, Alckmin será o candidato com mais tempo de televisão – mais de cinco minutos.
Planos de Governo
O plano de governo de Bolsonaro, candidato do PSL à presidência foi batizado “O caminho da prosperidade” e tem 81 páginas. O documento contém um preâmbulo, que inclui uma espécie de carta de intenções de Bolsonaro, um trecho sobre os valores de sua candidatura e uma série de críticas à esquerda e ao PT.
Além de fazer uma defesa à propriedade privada e à família, o texto também prega a fraternidade e o respeito às escolhas individuais. Bolsonaro é um dos candidatos com o discurso mais conservador.
Para Fernando Haddad, o plano do candidato do PT, as 62 páginas é uma versão parecida com a que já havia sido publicada pelo partido. O documento é intitulado “Plano Lula de Governo”, mesmo sem a participação do ex-presidente na eleição presidencial – já que ele foi barrado pela Lei da Ficha Limpa em razão de sua condenação por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato.
Com o slogan “O Brasil feliz de novo”, o programa é construído a partir da ideia de que Dilma Rousseff foi retirada ilegitimamente do cargo por um “golpe” em 2016 para que fosse implantado um programa que retira direitos da sociedade e aprofunda desigualdades em meio a uma crise econômica, crise essa iniciada ainda no governo Dilma. Em cinco tópicos, o programa petista fala em “refundar a democracia”, “inaugurar um novo período de afirmação de direitos”, fazer um “novo pacto federativo” – referente à distribuição de receitas e responsabilidades entre municípios, estados e União -, “promover um novo projeto nacional de desenvolvimento” e a transição para uma sociedade “ecologicamente sustentável”.
O programa do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, traz apenas diretrizes para um eventual governo. São 15 páginas: uma para capa, uma para sumário, uma de apresentação, seis com infográficos e títulos e seis com conteúdo programático. São tópicos divididos em três eixos temáticos: “O Brasil da Indignação”, “O Brasil da Solidariedade” e “O Brasil da Esperança”. Não há explicações ou detalhamento das diretrizes, mas há tópicos sobre combate à corrupção, melhoria do ambiente de negócios e desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste.
No entanto, assim como no esporte, em política golpe baixo também deve ser repudiado. O que o brasileiro precisa saber é que política se faz com boas propostas de governo, com postulantes que realmente estejam alinhados com as aspirações do povo, legítimos mandatários do estado de direito e guardiões da plenitude democrática da nação.
Antonio Alexandre, Magé|Online.com