França tinha iniciado o processo para retirar condecoração de Assad.
A Presidência síria anunciou nesta quinta-feira ter devolvido a Legião de Honra (a mais importante condecoração honorífica francesa) que o então presidente Jacques Chirac concedeu, em 2001, ao presidente sírio, Bashar al-Assad, que afirmou não ficar com uma condecoração de um “regime escravo” dos Estados Unidos, informou o governo da Síria em um comunicado.
“O presidente Bashar al-Assad não tem honra de levar uma medalha de um sistema escravo dos Estados Unidos, que apoia grupos terroristas na Síria, e agride um país membro da ONU numa violação gritante das regras e princípios da lei internacional”, diz o governo em uma publicação na página oficial do Facebook.
Na segunda-feira, o presidente francês Emmanuel Macron informou que a França tinha iniciado o processo para retirar a Legião de Honra do presidente Assad, dois dias depois de Paris participar dos bombardeios contra alvos do regime sírio em conjunto com os Estados Unidos e o Reino Unido.
A condecoração foi devolvida à França por meio da embaixada da Romênia em Damasco, que representa os interesses franceses na Síria, informou a presidência síria em nota. Ainda segundo o governo de Assad, a decisão foi tomada após “a participação da França na agressão tripartite junto com Estados Unidos e Reino Unido contra a Síria em 14 de abril”.
“Para o presidente Assad, não representa nenhuma honra usar uma condecoração entregue por um regime escravo […] dos Estados Unidos, que apoia os terroristas”, acrescentou o texto.
Washington, Paris e Londres efetuaram no amanhecer de sábado bombardeios contra alvos supostamente vinculados ao programa de armas químicas sírias, em represália a um suposto ataque químico lançado em 7 de abril em Douma, que era o último reduto dos rebeldes na Ghouta Oriental, perto de Damasco.
O regime nega qualquer envolvimento no suposto ataque químico.
Em 2001, o então presidente francês Jacques Chirac concedeu ao presidente sírio a Grã-cruz (a mais alta distinção) da Legião de Honra, pouco depois de ter sucedido o pai, Hafez al-Assad.
O procedimento para retirar a Legião de Honra está nas mãos do Grã-mestre desta ordem, ou seja, o presidente da República em exercício. Emmanuel Macron já tinha tomado no ano passado as mesmas medidas contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, acusado de assédio sexual e estupro.
Desde 2010, um decreto permite retirar mais facilmente esta distinção a um estrangeiro que tenha “cometido atos contrários à honra”.
Por estes motivos, a Legião de Honra foi retirada do ciclista americano Lance Armstrong ou do estilista britânico John Galliano.
Fonte: Jornal O Globo