Navegando por mares nunca dantes navegados.
“Navegar é Preciso”
O debate sobre a corrupção ficou cada vez mais frequente no país nos últimos anos. Casos como o mensalão, os escândalos da Petrobras, Zelotes, Acrônimo, e inúmeras outras falcatruas que mantiveram o assunto no topo do noticiário e revelaram diversos esquemas de desvio de dinheiro público que drenam recursos do país.
Muitos cientistas políticos dizem que o que aumentou não foram os atos de corrupção, mas a percepção da corrupção, já que instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário teriam atuado de maneira mais dura.
Com mais de dois anos de andamento, a operação Lava Jato apresenta números superlativos. Foram mais de 1.200 processos instaurados, 160 prisões (incluindo prisões temporárias), 52 acordos de delação premiada, 209 acusados, 105 condenados, 5 acordos de leniência, 16 empresas envolvidas e mais de R$ 42,8 bilhões desviados.
Trata-se também da maior operação da história do país em termos de valores reavidos pelo Estado. Foram mais de R$ 2,9 bilhões, sendo R$ 700 milhões repatriados. Ao todo são R$ 37,6 bilhões em pedidos de ressarcimento. À frente da operação, a maior força tarefa já montada pela Polícia Federal.
Quando o mar já salgado, parecia acalmar suas águas, foi que o “Brasil descobriu Cabal.” Nesse caso, a ordem dos fatores alterou o Rio de Janeiro.
Cabral comandou o estado do Rio de Janeiro durante sete anos (2007-2014). Jornalista de formação, Cabral ingressou na política no início dos anos 80, como militante da Juventude do PMDB. Ao longo da carreira política, além de governador, ele foi deputado estadual e senador. Foi preso preventivamente. É apontado nas investigações como possível “principal elemento” do esquema de corrupção que, segundo o MPF, tinha “plena atuação” no seio do governo do estado. O Ministério Público afirma que ele era o “líder” do esquema.

Festas de luxo em Mônaco, noites de alegria em Paris. E com um bolso amigo pronto para qualquer emergência. Fernando Cavendish pagou o presente de aniversário da então primeira-dama, Adriana Ancelmo: um anel de R$ 800 mil, nada de mais para um empreiteiro que tinha quase R$ 1,5 bilhão em contratos com o governo do estado.
As fotos, os vídeos e os valores ainda não tinham vindo a público em 2010. Em ano de eleição, o brasil inteiro conhecia o nome do governador do Rio.
O governo do estado era certo, era pouco. Ele era cotado até para a presidência. No mínimo, o vice de Dilma dali a quatro anos. Cabral sonhava alto. Mas não era bem assim que o futuro iria ser escrito.
Cabral não foi para Brasília. Continuou morando no mesmo apartamento, na mesma rua. No inverno de 2013, o quarteirão era o lugar mais quente do Rio.
As manifestações levaram ao desabamento político de Sérgio Cabral. A popularidade do governador foi caindo, denúncia após denúncia.

Cabral renunciou em 3 de abril de 2014. Tinha tempo e esperança de se candidatar ao Senado, no mínimo à Câmara dos Deputados.
Sérgio de Oliveira Cabral dos Santos Filho não se candidatou a mais nada e desde então evitou aparecer em público. Assim, a última imagem do político se confunde com a primeira nas páginas policiais.
Ele é suspeito de chefiar um esquema de propinas milionárias e de receber mesada das empreiteiras responsáveis por obras.
Ele é acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina de empreiteiras.
Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro. Sirenes acordaram moradores de uma rua num dos bairros mais caros da cidade. Policiais bem armados chegaram para buscar o homem que os procuradores do Ministério Público Federal chamaram de líder de uma organização criminosa. No prédio mora o ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Para os procuradores, Cabral saqueou o estado com atos de corrupção envolvendo as empreiteiras contratadas para executar grandes obras de construção civil. As propinas chegariam a R$ 224 milhões e incluíam o pagamento de mesada ao ex-governador.
O caso revelado é um exemplo clássico que retrata os efeitos avassaladores da corrupção para o Brasil e para o Rio de Janeiro.
De Janeiro a Janeiro
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Sergio Cabral!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
… Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Antonio Alexandre, Magé/Online.com
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