Ex-dirigente da Fetranspor pediu transferência de R$ 311 mil para conta de sobrinho; Justiça abortou iniciativa.
O empresário José Carlos Reis Lavouras, ex-presidente do Conselho de Administração da Fetranspor, tentou transferir R$ 311 mil para a conta de um sobrinho um mês após ter sido preso na Operação Ponto Final, desdobramento da Lava-Jato no Rio. Ele já era alvo de uma decisão judicial de bloqueio de bens — um novo despacho do juiz Marcelo Bretas impediu a transferência dos recursos.
A pesquisa do Banco Central, feita por determinação da Justiça quando a operação aconteceu, em julho, não alcançou os valores mantidos na Hoya e não identificou nenhum recurso mantido no Itaú com o CPF do empresário.
A Hoya, no entanto, está colaborando com a Justiça. Após a manifestação de Lavouras, o funcionário que recebeu a mensagem acionou os advogados da corretora. Na sequência, o Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio dos recursos, com a cópia do e-mail enviado pelo empresário.
“A decisão proferida nestes autos determinou o bloqueio de ativos em nome de José Carlos Reis Lavouras e pessoas jurídicas a ele vinculadas no montante de R$ 520,3 milhões, quantia que ainda não foi atingida”, escreveram os procuradores, em referência à decisão anterior de bloqueio de bens.
PEDIDO DE EXTRADIÇÃO
Na ocasião, os valores bloqueados em nome do empresário chegaram a R$ 3,1 milhões — valor mantido no Banco Safra. Outros R$ 9 milhões foram congelados da Viação Flores, empresa de ônibus da família Lavouras, além de somas menores encontradas em outras firmas ligadas ao empresário.
José Carlos Reis Lavouras tem cidadania portuguesa e estava no país europeu quando a operação aconteceu. Ele chegou a ser preso pela Interpol, mas foi solto pela Justiça local sob o compromisso de se apresentar diariamente em um posto policial. O Ministério da Justiça brasileiro já encaminhou os documentos pedindo a extradição do empresário. O caso está sendo analisado pela Procuradoria-Geral de Portugal.
Lavouras é réu, acusado de integrar o esquema de pagamento de propina a agentes públicos em troca de benefícios a empresas de ônibus. A apuração ganhou fôlego após Luiz Carlos Bezerra, apontado como operador do ex-governador Sérgio Cabral, revelar que as anotações “flowers” e “garden” nos cadernos em que controlava o fluxo de propina eram referências a empresa, sediada na Baixada Fluminense. Procurado por e-mail, o empresário não respondeu.
Fonte: Jornal O Globo