Ao todo, 180 ônibus pararam de circular e 17 linhas sumiram do Centro e da Zona Sul.

A Viação São Silvestre, que possui 17 linhas, a maioria ligando o Centro à Zona Sul do Rio, paralisou as atividades nesta terça-feira (22). Segundo funcionários da empresa, nenhum ônibus saiu da garagem .
Mais de 170 funcionários, entre motoristas, cobradores e despachantes cruzaram os braços na garagem. Mas a empresa disse que cerca de 800 paralisaram as atividades
As reclamações dos funcionários são muitas. Eles alegam que estão há três meses sem receber salários, seis meses sem receber o vale-refeição e dois anos sem o depósito do FGTS.
“O INSS também está com atraso porque quando o pessoal é demitido e vai fazer a homologação, não pode fazer a homologação e a rescisão de contrato devido ao não pagamento do fundo de garantia e do INSS. Então, a empresa está totalmente inadimplente com cada um dos funcionários”, disse um funcionário que não quis se identificar.
O acúmulo de funções pelos motoristas por causa da demissão de cobradores é outra reclamação na empresa. Maria da Conceição, que trabalhou por quatro anos na São Silvestre, foi demitida há três meses e agora vende café em um ponto de um dos ônibus da linha no Cosme Velho.
“Trabalhei quatro anos, não faltei um dia. [A empresa] manda todo mundo por justa causa. Estou na justiça, mas juiz está do lado deles. Eles dizem que não têm dinheiro e remarcam audiência para ano que vem. Meus colegas estão lutando pelos direitos deles. Quatro meses sem receber, seis meses sem ticket e não dão explicação para os meus colegas”, disse Maria.
Os grevistas dizem que a proposta dos patrões foi de parcelar os salários atrasados. Eles receberiam 10% por mês, mas não aceitaram.
Em março deste ano, os funcionários já tinham entrado em greve. Eles não saíram para trabalhar por causa de atraso de salários, férias e cestas básicas. Na época, empresários disseram que o número de passageiros diminuiu com a crise, e estava difícil colocar as contas em dia.
Nesta nova paralisação, a justificativa foi a mesma. O consórcio disse que a empresa enfrenta problemas financeiros que refletem a crise econômica no setor de ônibus e que o cenário foi agravado pelo não reajuste da tarifa em 2017, previsto pelo contrato de concessão.
Em julho, a polícia civil fez uma vistoria na garagem da empresa. Os peritos do Instituo Carlos Éboli encontraram ônibus sujos, com elevador para deficiente quebrado, sem embreagem, em curto e sem freio de mão e com falta de óleo no motor.
Imagens enviadas por motoristas da empresa mostraram que o estado de conservação dos ônibus que dirigem permanece péssimo.

Com a paralisação na São Silvestre, ônibus de outras empresas ficaram lotados. “Tem muito passageiro e acaba sobrecarregando”, disse um motorista de outra viação.
No Largo do Machado, onde algumas das linhas da empresa fazem ponto final, passageiros contaram ter ficado até uma hora esperando pelo ônibus, que não passou. A alternativa foi buscar ônibus de outras linhas, optar pelo metrô ou mesmo fazer o percurso a pé.
Na Gávea, por onde passam algumas linhas da empresa, os passageiros não ficaram sabendo da paralisação e amargaram horas de espera em vão nos pontos de ônibus.
“A pessoa que tem compromisso vai ficar na pista, não é? Eu, no caso, tenho um compromisso muito sério que é pegar um exame da minha filha que vai operar amanhã, e eu necessito de pegar esse exame hoje. Eu nem sabia que tinha acontecido isso [a paralisação]. Quantos trabalhadores saíram de casa contando com esse ônibus? E agora? Como vai ser a volta deles?”, disse Vânia de Marilack.
A prefeitura disse que não negocia com uma empresa isoladamente e que o consórcio do qual a São Silvestre faz parte deve, por obrigação contratual, precisa compensar a paralisação da empresa disponibilizando ônibus para suprir os itinerários prejudicados. A medida precisa ser tomada imediatamente e o descumprimento pode gerar multa.
A empresa informou que, no começo da tarde, se reuniu com funcionários para discutir uma negociação.
Fonte: G1
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