Já Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, recebeu R$ 44,1 milhões em propinas pagas pelas empresas de ônibus.
A investigação da força-tarefa da Lava Jato no Rio, que deu início a operação “Ponto Final”, da Polícia federal (PF) e do Ministério Público Federal (PMF), nesta segunda-feira, aponta que o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, recebeu R$ 122,8 milhões de propina da cúpula dos transportes no Rio de Janeiro, entre 2010 e 2016. Já Rogério Onofre, ex-presidente do Detro que foi preso hoje em Florianópolis, Santa Catarina, recebeu R$ 44,1 milhões em propinas pagas pelas empresas. As ações são desdobramentos das operações Calicute — que prendeu o ex-governador — e Eficiência.
Outro preso nesta manhã foi Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro). No total, são oito mandados de prisão preventiva, oito de prisão temporária, e 30 de busca e apreensão. Já Jacob Barata Filho, empresário do ramo de transportes, foi preso na noite deste domingo quando embarcava para Portugal.
As investigações contaram com depoimentos prestados através da delação premiada de Jonas Lopes, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do doleiro Álvaro José Galliez Novis. Ela detalha como o dinheiro da propina em espécie era conduzido por transportadoras de valores para a posterior distribuição a políticos e agentes públicos.
Através de documentos e planilhas, foram identificadas estrutura montada pelas empresas de ônibus e Fetranspor para obter vantagens indevidas com tarifas e nos contratos públicos firmados.
Luiz Carlos Bezerra, operador financeiro de Sérgio Cabral, disse também em sua delação aos investigadores que recolhia propina na sede da empresa Flores em São João de Meriti, que tem como sócio-administrador o empresário José Carlos Reis Lavouras — sócio também de mais 13 empresas ligadas ao ramo de transporte.
Bezerra falou que os codinomes como “Jardim”, Flowers” e “Garden” constantes de anotações de contabilidade feitas em agendas, apreendidas durante a deflagração da Operação Calicute, em novembro de 2016, eram referentes à Companhia Viação Flores. Lavouras também figura como membro do Conselho de Administração da Riopar Participações SA (Bilhete Único e Riocard) junto com o empresário Jacob Barata Filho (que é o presidente) e Lélis Marcos Teixeira (secretário da mesa apuradora).
O MPF disse que o esquema de corrupção era organizado a partir de quatro núcleos básicos: núcleo econômico, formado pelos executivos das empresas organizadas em cartel; o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do governo do Estado, os quais solicitaram/receberam propinas; núcleo operacional cuja principal função era promover a lavagem de dinheiro desviado; e núcleo político, integrado pelo líder da organização Sérgio Cabral.
Jacob Barata Filho preso quando embarcava para Portugal
A operação desta segunda-feira foi antecipada por conta da prisão do empresário Jacob Barata Filho, na noite deste domingo. Ele, que é herdeiro de Jacob Barata, empresário conhecido como o “Rei dos Ônibus” no Rio, estava na sala de embarque do Aeroporto Tom Jobim, onde se preparava para embarcar para Portugal.
A assessoria de imprensa do empresário informou que Jacob Barata Filho faria uma viagem de rotina para Portugal, “onde possui negócios há décadas e para onde faz viagens mensais. A defesa do empresário irá se pronunciar assim que tiver acesso aos autos do processo”.
OS ALVOS DA OPERAÇÃO ‘PONTO FINAL’
PRISÃO PREVENTIVA
Lélis Marcos Teixeira, presidente da Fetranspor; PRESO
– José Carlos Reis Lavouras, conselheiro da Fetranspor e sócio-administrador da Viação Flores;
– Jacob Barata Filho, empresário do ramo de transportes; PRESO
Rogério Onofre de Oliveira, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro); PRESO
– Marcelo Traça Gonçalves, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) e vice-presidente do conselho de administração da Fetranspor;
– Cláudio Sá Garcia de Freitas;
– Márcio Marques Pereira Miranda;
– David Augusto da Câmara Sampaio.
PRISÃO TEMPORÁRIA
– Carlos Roberto Alves;
– Eneas da Silva Bueno;
– Octacílio de Almeida Monteiro;
– João Augusto Morais Monteiro;
– Regina de Fátima Pinto Antonio;
– Eni da Silva Gulineli;
– Francisca da Silva Medeiros;
– Claudia da Silva Souza Ferreira.
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