Agente de elite é preso após esquecer equipamento ligado e registrar o próprio crime.
Um cabo do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE), identificado como Leandro Silva Pereira dos Santos, de 37 anos, foi preso nesta segunda-feira após vídeo captado por sua própria câmera corporal mostrar o furto de perfumes, roupas e outros objetos durante uma operação no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio.
O CRIME GRAVADO POR ACIDENTE
O episódio foi revelado porque o policial esqueceu de desligar o equipamento pessoal de filmagem após a ação. As imagens mostram pelo menos oito agentes adentrando uma residência sem mandado judicial, revirando cômodos, abrindo a geladeira, comentando sobre objetos, escolhendo roupas e perfumes — e até citando desejo de levar um videogame e caixa de som.
Segundo a denúncia do Ministério Público, o cabo Leandro responde por quatro crimes previstos no Código Penal Militar: furto simples, furto qualificado, peculato e violação de domicílio qualificada penas que, somadas, podem alcançar até 31 anos de reclusão.
PRISÃO, APREENSÕES E DESDOBRAMENTOS
A Justiça Militar do Rio, por meio da juíza Ana Paula de Pena Barros, decretou a prisão preventiva do réu a pedido do Ministério Público.
O cumprimento da ordem foi feito enquanto o policial ainda se encontrava em viatura, contrariando versões oficiais de que ele já havia sido afastado das funções de rua.
Leandro foi encaminhado à Unidade Prisional da PM em Niterói, onde permanecerá à disposição da Justiça Militar.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em sua residência, mas não foram encontrados os objetos furtados.
Até o momento, nenhum dos outros sete policiais flagrados no vídeo teve prisão decretada.
CONTEXTO DA OPERAÇÃO
O furto ocorreu durante a Operação Caixinha, realizada em 15 de janeiro, com foco em desarticular o esquema do traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”, apontado como fornecedor de armas do Comando Vermelho.
Apesar da ação, o alvo principal escapou naquela ocasião e foi morto em um confronto meses depois.
REAÇÕES E INTERROGAÇÕES
O fato provocou perplexidade na população e nos órgãos de controle social frente à conduta supostamente criminosa de agentes que deveriam proteger a lei. O caso reforça denúncias antigas de que equipamentos como câmeras corporais, muitas vezes usados para aumentar transparência, também expõem práticas ilícitas.
Autoridades da segurança pública afirmaram que todas as formalidades legais foram observadas no cumprimento da prisão, bem como no procedimento adotado para captura do policial.
No cenário legislativo e institucional, o episódio reacende o debate sobre riscos de corrupção institucional dentro das forças policiais, mecanismos de controle interno e externo, e a importância de responsabilização efetiva.