Ucranianos negaram qualquer envolvimento na explosão do carro dirigido por Darya Dugina.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) acusou nesta segunda-feira (22) os serviços especiais da Ucrânia de realizar o assassinato de Darya Dugina, filha de um ideólogo russo ultranacionalista, informou a agência de notícias Interfax.
Dugina, filha do proeminente ideólogo Alexander Dugin, foi morta na noite de sábado quando um suposto artefato explodiu o carro que ela dirigia, disseram investigadores russos. A Ucrânia nega envolvimento.
Um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Rússia deu a entender que as estruturas estatais ucranianas foram responsáveis pela explosão, uma alegação que as autoridades ucranianas negaram.
“Se a pista ucraniana for confirmada, então devemos falar sobre a política de terrorismo de Estado perseguida pelo regime de Kiev”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em um post no Telegram.
“Há muitos fatos acumulados ao longo dos anos: desde os apelos políticos à violência até a liderança e o envolvimento das estruturas estatais ucranianas nos crimes”, disse ele.
No domingo, a Ucrânia negou veementemente qualquer envolvimento na explosão do carro. “A Ucrânia definitivamente não tem nada a ver com isso, porque não somos um Estado criminoso, como a Federação Russa é, e mais ainda, não somos um Estado terrorista”, disse Mykhailo Podoliak, assessor do chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, em entrevista à televisão ucraniana.
Quem é Alexander Dugin, “guru” de Putin que perdeu filha em explosão de carro
Alexander Dugin, cuja filha Darya Dugina morreu no sábado (20) após a explosão do carro em que estava, é o “sumo sacerdote” de uma virulenta campanha de nacionalismo russo que se torna cada vez mais influente no país.
Vindo de uma família de oficiais militares russos, sua jornada foi notável: de ideólogo marginal a líder de uma corrente proeminente de pensamento na Rússia que vê Moscou como o coração de um império “eurasiano” que desafia a decadência ocidental. Ele é o fundador espiritual do termo “o mundo russo”.
Ao longo do caminho, essa vertente incorporou uma profunda aversão à identidade da Ucrânia fora da Rússia.
Dugin, de 60 anos, ajudou a reviver a expressão “Novorossiya” ou Nova Rússia – que incluía territórios de partes da Ucrânia – antes da anexação russa da Crimeia em 2014. O presidente russo Vladimir Putin, inclusive, usou a palavra ao declarar a Crimeia parte da Rússia em março daquele ano.
O filósofo há muito tem uma aversão visceral aos ucranianos que resistem à assimilação na “mãe Rússia”. Depois que dezenas de manifestantes pró-Rússia foram mortos durante confrontos em Odesa, em maio de 2014, ele disse: “A Ucrânia deve ser desaparecida da Terra e reconstruída do zero ou as pessoas precisam recuperá-la. Acho que os ucranianos precisam de uma revolta total em todos níveis e em todas as regiões. Uma revolta armada contra a Junta [suposto grupo fascista ucraniano]. Não só no Sudeste”, declarou Dugin.
“Matar, matar e matar. Chega de falar. É minha opinião como professor”, acrescentou.
No ano seguinte, Dugin foi sancionado pelos Estados Unidos como “cúmplice de ações ou políticas que ameaçam a paz, segurança, estabilidade ou soberania ou integridade territorial da Ucrânia”.
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