Após onze meses de muita farpa, brasileiro e irlandês decidem cinturão dos penas.
Enfim chegou o dia. Foram onze meses de espera. Anunciado em janeiro, marcado para julho e adiado, o confronto em que o UFC mais investiu em promoção na sua história vai acontecer na madrugada deste sábado para domingo, em Las Vegas. José Aldo e Conor McGregor, que já rodaram o mundo trocando encaradas e provocações, estarão frente a frente no octógono. Na noite de sexta, na última encarada, o brasileiro surpreendeu ao imitar e provocar o irlandês, a ponto de o presidente do UFC, Dana White, ter que separá-los.
— Não acho nada dele. Amanhã vou entrar e vou continuar campeão — avisou Aldo.
Será o desafio mais duro da carreira do brasileiro?
Sim, se a gente medir pelas casas de apostas. Apesar de campeão do peso-pena, de estar invicto há dez anos e de ocupar o topo do ranking dentre todas as categorias, Aldo é pela primeira vez azarão. Resultado, talvez, do longo tempo de inatividade (a última luta foi em outubro de 2014) e de ter sofrido uma lesão na costela que, no meio do ano, o impediu de enfrentar o irlandês.
— Sinto que ele está algemado. Ele não quer estar aqui. Sinto que ele está confuso, não sabe onde está, mal pode esperar para tudo acabar. É isso que eu vejo em seus olhos — atacou McGregor, com a arma de sempre, a língua solta.
Durante algum tempo, na primeira fase dos encontros entre os dois para promover a luta, as palavras do irlandês pareciam fazer efeito em Aldo. O campeão, que não tinha pego pela frente ainda um provocador tão competente, caía “na pilha”. Mas o tempo passou. Passou tanto que McGregor conseguiu até evoluir de mero desafiante a dono de um cinturão interino, ao vencer Chad Mendes, no UFC 189. E serviu também para que Aldo aprendesse a lidar com o rival.
Há duas semanas, indagado sobre as bravatas de McGregor, respondeu com sorriso:
— Nada melhor do que estar bem e feliz. Tenho que focar no que treinei. É assim que se ganha luta — ensinou.
A cabeça, diferente do que prega McGregor, está no lugar.
— Isso já ficou para trás, não estou nem aí para o que ele falou ou deixou de falar — garantiu, na quinta.
Desde que ganhou o cinturão dos penas do extinto WEC, organização comprada pelo UFC, Aldo já defendeu o título nove vezes. A única derrota na carreira foi em 2005, há dez anos, quando ainda lutava no Jungle Fight. Com 29 anos e 1,70m de altura, tem 25 vitórias no MMA: 14 por nocaute, duas por finalização e nove por decisão dos juízes. É especialista em muay thai e jiu-jítsu, bom em pé e no chão. Ao longo dos anos, dizimou a categoria dos penas. Um por um, os desafiantes caíram. A defesa de cinturão contra McGregor será a sétima dentro do UFC, o que o aproxima do recorde de dez, de Anderson Silva.
O irlandês, por sua vez, não chegou por acaso ou só na falação. Desde que estreou na organização, em 2013, venceu suas seis lutas, cinco por nocaute. Dono do cinturão interino dos penas, ganho no nocaute em julho sobre Chad Mendes, no UFC 189, faz do jeito midiático seu aliado. Aos 27 anos, tem 1,75m de altura, é especialista em kickboxing e faixa marrom de jiu-jítsu brasileiro. Fez 20 lutas no MMA. Ganhou 18, sendo 16 por nocaute, uma por finalização e outra por decisão dos juízes. As duas derrotas foram em 2008 e 2010, ambas por finalização.
CARD PRINCIPAL – a partir de 1h (horário de Brasília)
Peso-pena: José Aldo x Conor McGregor
Peso-médio: Chris Weidman x Luke Rockhold
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Yoel Romero
Peso-meio-médio: Demian Maia x Gunnar Nelson
Peso-pena: Max Holloway x Jeremy Stephens
Fonte: Jornal O Globo