A duplicação da rodovia na altura de Guapimirim chegou a apenas alguns metros da pista. Intervenção foi abandonada em 2018.

O acidente que matou seis pessoas da mesma família em Guapimirim, perto de Magé, no sábado (18) chama a atenção para as condições da via onde uma carreta atingiu o carro das vítimas. O Governo Federal já chegou a começar a duplicar a pista no trecho da BR-493 onde ocorreu o acidente, mas as obras foram abandonadas.
No local onde a pista poderia estar duplicada, o asfalto já está rachando e nascendo vegetação. Aquela parte da rodovia foi recentemente privatizada.

A família fazia uma viagem Magé, na Baixada Fluminense, para Piratininga, em Niterói. O carro levava um pai, uma mãe e seis filhos dois adolescentes são os únicos sobreviventes e estão internados em estado gravíssimo. Um deles teve protocolo de morte encefálica iniciado na noite desta segunda-feira (20).
A tragédia aconteceu na altura do Vale das Pedrinhas, em Guapimirim. O motorista da carreta prestou depoimento nesta segunda-feira (20) à polícia.
A duplicação da rodovia chegou a apenas alguns metros da pista. O RJ já mostrou mais de uma vez perigos do trecho. Ele faz faz parte do Arco Metropolitano.

Entre Magé e Itaboraí, as pistas são simples, e parecem não receber manutenção há muito tempo. Em vários trechos não há acostamento e as ondulações deixam o trânsito pesado de caminhões e carros ainda mais arriscado.
As obras de duplicação começaram em 2014, mas foram abandonadas em 2018. Em agosto do ano passado, a Agência Nacional de Transportes Terrestres licitou o trecho. A concessionária eco rio-minas, que assumiu a administração da estrada, diz que a duplicação vai ser feita até 2026.
A família das vítimas disse que tinha medo de acidentes na via e estava apreensiva antes da viagem.

“A gente sabe que é uma estrada perigosa. que a gente sabe que tem vários acidentes acontecendo ali naquele lugar. e hoje a gente tá aqui chorando a perda dos nossos netos, do meu filho, da minha nora. e a gente não tem palavras, muitas palavras nesse momento pra falar. é algo que a gente ainda não tá conseguindo entender. tá tudo muito recente”, diz Valéria de Assis Guimarães Corrêa, avó das crianças que estão internadas.
“Eu tinha medo de vir ali durante a noite. Quando eu ia visitá-lo, eu saía de lá antes de anoitecer. Por causa do perigo da estrada, que eu já vi muito acidente acontecer ali. Ali sempre teve acidente dessa maneira, porque não tem acostamento”, acrescenta o avô, Jauvenal Lima Corrêa.
Motorista vai responder por homicídio culposo
O motorista vai responder por homicídio culposo quando não há intenção de matar. A polícia afirma que ele não havia bebido nem usado drogas.
Ele, que não teve o nome divulgado, disse que perdeu o controle da direção quando tentou dar espaço na pista a outro caminhão que vinha no sentido contrário e que nesse momento, uma das rodas caiu em um desnível e ele perdeu o controle da carreta.
De fato, existe um desnível de quase um palmo entre a pista e o acostamento precário.

Um vídeo mostra o momento em que a carreta sai levemente para a direita, toca o acostamento e invade a outra pista atingindo o Gol onde estavam a família. Um Jeep branco escapou por pouco.
“Ela desviou, abriu um pouquinho, ali a pista é meio estreita, ai entrou no acostamento, eles recapearam a pista, mas não o acostamento. Ele bate com a roda traseira, nesse declive, perde a direção, foi tentar segurar e atravessou a pista e colheu o gol de frente”, diz o delegado Antônio Silvino.

Para o professor do Departamento de Engenharia do CTC/PUC-Rio Eugênio Leal, o desnível entre a pista e o acostamento é necessário numa rodovia para que não se use o acostamento como uma faixa normal.
“Aparentemente, pelos filmes, o motorista não estava em alta velocidade. Ele sai da pista um pouco onde tem um desnível e se por acaso tivesse distraído, ele se assustasse de sair da pista, isso poderia provocar um movimento brusco e perder o controle e atingir o carro”, avalia.
“Com relação à largura das faixas, logicamente é uma estrada é padrão, estreita, precisa ter atenção. Com relação ao desnível a pista e acostamento, um pouco é necessário. Tem que ver qual. Porque se não as pessoas, os carros, tendem a usar o acostamento como pistas e pode ter acidente”, acrescentou.
A concessionária EcoRioMinas diz que a a duplicação deste trecho foi iniciada pelo DNIT e desde que assumiu, em setembro de 2022, estão trabalhando na atualização e complementação do projetos e na obtenção das licenças ambientais.

Rede TV Mais A Notícia da sua cidade!
