O Cepea projeta que o aumento da oferta doméstica pode pressionar os preços no atacado e nas prateleiras.
Nas últimas semanas, o setor de ovos de galinha no Brasil registrou uma queda significativa nas exportações, impulsionada principalmente por um recuo nas vendas para os Estados Unidos.
De acordo com o Cepea — Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, os volumes exportados em agosto somaram 2,13 mil toneladas de ovos (in natura e processados), representando uma retração de 60% em relação a julho.
Apesar da queda mensal, esse montante ainda é 72% superior ao registrado em agosto de 2024.
Essa queda foi influenciada pelas tarifas impostas pelos EUA, que limitaram a competitividade dos ovos brasileiros no mercado norte-americano.
Com a retração dos EUA, o Japão assumiu o posto de maior comprador de ovos brasileiros em agosto, adquirindo 578 toneladas 29% a mais do que em julho.
Impactos sobre os preços
Segundo os dados compilados pelo Cepea, o custo da caixa com 30 dúzias de ovos brancos em Bastos (SP) caiu de R$ 154,80 em 12 de agosto para R$ 148,40 em 12 de setembro uma queda de cerca de R$ 4,95 por dúzia.
A expectativa é que, com a menor demanda externa e sem um redirecionamento das exportações, a maior oferta interna de ovos possa levar a preços mais baixos no mercado doméstico. “Se esse cenário persistir, os valores do item nas prateleiras dos supermercados poderão baixar ainda mais”, afirma o Cepea.
No entanto, esse cenário de alívio nos preços enfrenta um limitador importante: os altos custos dos insumos, como milho e soja, continuam pressionando os custos de produção dos ovos, e podem frear quedas mais expressivas nos preços finais.
Cenários futuros
Especialistas apontam dois caminhos principais:
- Redução dos preços ao consumidor: se a queda nas exportações para os EUA continuar e a produção doméstica absorver essa oferta excedente, é possível que o preço do ovo (dúzia ou caixa) recue nos supermercados.
- Persistência do custo elevado: se os custos de ração e outros insumos permanecerem altos ou subirem, a queda nos preços poderá ser limitada ou até ser revertida, neutralizando o efeito da maior oferta.
Além disso, uma mudança de rota comercial com a busca de novos mercados ou aumento de exportações para destinos como Japão ou outros países poderia alterar a dinâmica de oferta e demanda, dificultando o cenário de queda de preços no Brasil.
Conclusão
A “gangorra” de preço do ovo, que vem oscilando entre altas motivadas pela demanda externa e quedas derivadas de choques tarifários, revela a fragilidade da cadeia logística e comercial diante de intervenções comerciais internacionais. Para o consumidor brasileiro, pode haver um alívio nos preços mas esse alívio dependerá do controle dos custos de produção e de como o setor de ovos conseguirá reagir a choques no mercado exterior.