PM investiga se policiais colocaram bandidos em caveirão para retomar a Cidade Alta

Um áudio, acompanhado de uma denúncia anônima, circula em redes sociais, informando policiais teria recebido R$ 1 milhão para transportar de volta à comunidade, dentro do caveirão.

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A Polícia Militar abriu, neste domingo, investigação para apurar uma suposta ajuda de PMs do 16º BPM (Olaria) a traficantes da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), que controlam o tráfico na Cidade Alta, em Cordovil, desde o ano passado e estavam sendo atacados pela quadrilha do Comando Vermelho (CV), na madrugada da última terça-feira.

Um áudio, acompanhado de uma denúncia anônima, circula em redes sociais, informando que um grupo de policiais teria recebido R$ 1 milhão para transportar de volta à comunidade, dentro do caveirão (veículo blindado), traficantes do TCP, na retomada do território.

Em comunicado, a Secretaria estadual de Segurança afirma que o secretário Roberto Sá, “tão logo tomou ciência do áudio”, determinou ao comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias, que a Corregedoria da corporação instaurasse procedimento investigativo sobre o caso. A denúncia anônima afirma que Sá e o subsecretário Fábio Galvão já haviam recebido o informe e nada teriam feito. O áudio então teria sido repassado por um advogado de traficantes a policiais. Segundo uma fonte da secretaria, a autenticidade do áudio e a data em que foi feito também estão sendo investigadas.

A ação da polícia na última terça-feira prendeu 45 traficantes  todos do CV e, com eles, apreendeu 32 fuzis. Apesar de ter destacado o “êxito” da operação, a Polícia Militar publicou, em seu boletim interno, na última sexta-feira, a transferência de nove PMs do 16º BPM (Olaria), cada um para uma unidade diferente. A corporação justificou dizendo ser “medida administrativa”.

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Áudio cita comunidade

No áudio que circula nas redes sociais, não fica claro quem são as pessoas gravadas. Aparentemente, um homem orienta PMs a chegar aos locais onde estão traficantes dentro da comunidade. No entanto, tudo indica que foi gravado na Cidade Alta porque são feitas referências à Escola Municipal Ministro Lafayette de Andrada, que fica na comunidade, e à Rua Ponto Chique, outra via de lá.

Também é possível ouvir intenso tiroteio ao fundo em vários momentos da gravação, que tem duração de cerca de 15 minutos. Dois nomes são citados: Félix, que parece ser a pessoa que dirige o veículo; e outra pessoa identificada como Barbosa. Na lista dos transferidos pela PM, não há policiais com esses nomes ou sobrenomes.

O porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, afirmou que o áudio não indica a presença de traficantes junto de policiais:

— O áudio só mostra diálogos de uma tropa no interior de um veículo blindado.

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Detidos são de uma só facção

Todos os 45 presos na operação da última terça-feira pertenciam ao Comando Vermelho, segundo informações das polícias Civil e Militar. A ação teve participação de policias do 16º BPM (Olaria), do 22º BPM (Maré), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Bope — esse último responsável por 15 prisões e dois suspeitos mortos.

Dos 15 presos pela tropa de elite da PM, 11 foram encontradas dentro da casa de uma moradora grávida, cuja família havia sido feita refém pelos bandidos em fuga. Entre eles, estavam bandidos de outros locais do estado, como Wallace Patrick de Lima dos Santos Viana, do Complexo do Alemão, e Luiz Cláudio da Silva, da Favela da Linha, em Macaé. De acordo com o Portal dos Procurados, informações sobre cada um desses suspeitos valia mil reais.

Além dos detidos, dois homens foram feridos em confrontos com a tropa do Bope e dois foram mortos.

Outros detalhes da operação também chamam a atenção. Dos 32 fuzis apreendidos, todos pertenceriam à facção criminosa que tentou invadir a Cidade Alta. Entre o armamento encontrado, alguns tinham a inscrição “CX”, de “caixa”, que indicaria se tratar de arma de uma reserva da quadrilha, só utilizada em casos de ataques a inimigos, sem prejuízo do funcionamento das bocas de fumo.

Após a operação, o entorno da comunidade viveu um dia de caos. Nove ônibus e dois caminhões foram incendiados na Avenida Brasil e na Rodovia Washington Luiz.

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Perguntas sem respostas
– A transferência de nove sargentos do 16º BPM (Olaria)para outros batalhões logo após a operação na Cidade Alta, oficialmente, considerada uma ação exitosa, já estava prevista?

– Esses nove policiais foram não apenas transferidos, mas também separados um do outro: cada um dos sargentos foi para um batalhão diferente. Qual o motivo?

– Se a inteligência da PM sabia da invasão da Cidade Alta, por que chegou ao local do confronto após mais de cinco horas de tiroteio entre os traficantes?

– Se não foram presos bandidos da facção que domina a Cidade Alta, como e por onde conseguiram fugir?

– Que ações de segurança foram tomadas na Cidade Alta após a polícia neutralizar o confronto, para que nenhuma das duas facções volte a dominar o território?

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– Quem é Félix, o suposto motorista do caveirão em que foi gravado o áudio que circula com a denúncia?

001Fonte: Jornal Extra

 

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