Para onde vai a água de Magé? A cidade do conta gotas

Além dos gastos com carro pipa, conta de luz fica mais cara. Cedae diz que problema é provocado pela falta de chuvas fortes.

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Moradores de Magé, Baixada Fluminense, interditaram a BR-493 (Magé-Manilha), mais uma vez para protestar contra o desabastecimento permanente de água. Vários bairros da cidade, Vila Esperança, Canal, Vila Olímpia e Barbuda, interditaram por horas a via federal, causando engarrafamento prolongado aos motoristas.

De acordo com a população, que tem gasto muito dinheiro com carro pipa e galão de água, o problema de falta d’água é antigo e recorrente. Áreas nobres e o Centro do município também são afetados. Quem pode, abre um poço artesiano. O problema é que com a bomba d’água funcionando sem parar, a conta de luz aumenta. Mas cadê a água que estava aqui?

Estudo mostra que uso dos rios da Baixada para captação resolveria problema de abastecimento

ScreenShot224Solução para a falta d’água está dentro de casa

Se as recomendações do Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio de Janeiro (PERHI), aprovado em março de 2014, fossem tiradas do papel, a baixada estaria com melhores perspectivas no enfrentamento de abastecimento de água.

Encomendado pelo próprio governo do estado ao Laboratório de Meio Ambiente da UFRJ por R$ 1,8 milhão, o relatório aponta, em alguns casos, como o de certas localidades de Baixada Fluminense, soluções bem ‘caseiras’, como utilização de rios locais, aqueles que correm nos fundos de muitos imóveis.

A cidade que convive com a pior crise de escassez de água é Magé, onde, segundo o relatório, nem metade (45%) da população é atendida pela Cedae. Os rios Irirí, Roncador, Piabetá e Estrela, lá mesmo, são citados como alternativas para o problema.

Segundo o PERHI, a dificuldade em Magé e municípios como Guapimirim — que é atendido por uma companhia municipal — e a parte de Caxias está em serem localidades entre os sistemas que distribuem água para a Região Metropolitana. As recomendações, entretanto, são acompanhadas do alerta para os “necessários — antes de se iniciarem as captações — levantamentos do potencial dos mananciais” e da situação dos programas de saneamento básico.

Rio Magé é o que tem mais esgoto no entorno da Baía de Guanabara

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Recordistas da poluição na baía de Guanabara, na modalidade esgoto doméstico a medalha de ouro vai para Rio Magé.

Com o pior índice de qualidade da água (IQA) no último boletim do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), de março — 12,9, numa escala de zero a cem —, o Magé desemboca na Guanabara depois de cortar o município da Baixada de mesmo nome, onde 57,7% dos moradores não têm acesso ao saneamento, segundo o Censo 2010. Um dos principais parâmetros do IQA é a quantidade de oxigênio dissolvido e de coliformes fecais na água, provenientes do esgoto doméstico.

Mais da metade das casas sem esgoto

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O maior problema para a utilização dos rios locais é a carência do esgotamento sanitário. Na Baixada, por exemplo, segundo o IBGE, quase metade (47%) das casas não tem o esgoto ligado à rede de tratamento, abaixo até da média do resto do estado, que é de 77%. Na capital, porém, 91% do esgoto é tratado. Para este problema, o plano aponta uma saída à possível reclamação de falta de recursos. O documento lembra que a legislação determina o uso de parte da arrecadação sobre o setor de saneamento para a coleta do esgoto das bacias. Até novembro, o dinheiro arrecadado ultrapassou os R$ 160 milhões.

Ainda naquele mês, as maiores arrecadadoras — que são as redes Guandu e Baía de Guanabara, responsável pela gestão das bacias que atendem à Região Metropolitana — detinham em seus caixas, juntas, mais de R$ 70 milhões.

O estado alega que a cobertura de tratamento de esgoto nos 15 municípios do entorno da Baía de Guanabara foi ampliada nos últimos oito anos. “Para se universalizar o saneamento nos 15 municípios do entorno da baía, serão necessários R$ 12 bilhões”, diz a nota da Secretaria do Ambiente.

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Dinheiro ralo abaixo

A Cedae informou que está investindo R$ 50 milhões num sistema de captação e tratamento de água e que em menos de um ano os moradores devem sentir melhoras no abastecimento.

A Empresa já está fazendo um racionamento camuflado, disfarçado em manobras que tiram água de regiões para garantir o abastecimento de outras.

Para Magé, em 2009, foi anunciada a implantação do sistema de abastecimento de água para atender as localidades de Mauá, Suruí e Guia de Pacobaíba. Além de garantir o fornecimento de água potável à população de Guia de Pacobaíba, que não tem rede de água, o PAC Saneamento previa a ampliação do sistema de abastecimento de água da sede do município de Magé. “No período da seca, o sistema de fornecimento de água da cidade é sobrecarregado”, explicava o ministro Marcio Fortes.

O projeto prevê a construção de um canal de 3,48 quilômetros para retirar água do Rio Roncador, o assentamento de duas adutoras, a implantação de estação de tratamento de água com capacidade para 26 milhões de litros/dia e a construção de três novos reservatórios no município.

O investimento de R$ 50 milhões seria feito em parceria pelos governos Federal e do Estado do Rio de Janeiro, beneficiando cerca de 95 mil habitantes, que passariam a ter água tratada e em quantidade suficiente. A participação federal seria de R$ 40 milhões. Teve até evento na Praça da Estação de Suruí, com direito a pedido de votos.

Magé não possui rede de esgoto independente, e praticamente todo o esgotamento sanitário é feito através de fossas e lançado na rede de águas pluviais, que deságuam diretamente e sem tratamento nos canais e rios da região. Parte dos afluentes é jogada em valas negras ou escorre a céu aberto. A situação piora em função da declividade do terreno, que torna o escoamento insuficiente. A situação mais crítica é verificada no 4º distrito.

Os canais existentes vêm sendo progressivamente assoreados, comprometendo a drenagem. As águas das chuvas ficam represadas e se misturam às águas servidas, causando perigo à saúde da população e o surgimento de vetores e mau cheiro permanente.

Magé é um município com potencial hídrico. Seu abastecimento de água é de responsabilidade da Cedae, com captações no entorno imediato do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso).

gij 2Porque falta água em Magé?

“Eu apenas gostaria de saber o porquê de estarmos sem água se Magé, conhecida justamente por seus rios e cachoeiras. Eles simplesmente fecham nossa água e não dão nenhuma satisfação à população. Na agência algumas vezes somos mal atendidos, como se eles estivessem fazendo um favor a nós. Se pelo menos a CEDAE avisasse quando iria fechar e abrir a água, ficaria mais fácil economizarmos. Mas aqui, somos muito desrespeitados. Temos muitos rios em nossa cidade, mas nossa água não fica aqui, ficamos na seca e nossa água vai para outros municípios. Todos nós estamos estressados, pois mesmo quando chove não temos água na torneira. A agência da CEDAE de Magé é uma porcaria! Cada vez que chega um morador para reclamar de falta dágua eles dão uma desculpa esfarrapada, uma hora dizem que estão fazendo manutenção, outra, dizem que os reservatórios estão secos. A agência de Magé não comunica a falta dágua à Central da Cedae, pois toda vez que ligo para o call center da Empresa, nunca consta falta d’água para Magé. Além disso muitos locais de manobra de água ficam abandonados e qualquer um mexe abrindo ou fechando a água. Existe um hidrante da CEDAE no bairro vizinho de Vila Esperança, vários caminhões particulares abastecem aqui  para vender água à população, enquanto o encanamento do povo está seco. É um absurdo. Termino aqui meu desabafo e aguardo solução.” Reclama uma moradora da cidade.

Para enfrentar a crise da água e melhorar a qualidade de vida é essencial recuperar nossas florestas e rios com investimentos e avanços nos índices de tratamento de esgoto, gestão dos resíduos sólidos, fiscalização e recuperação das áreas de preservação permanente urbanas e rurais. O desafio é urgente e de todos!

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2 Comentários

  1. Affonso Sylvestr

    Fico sem adjetivos para expressar minha indiguinação quanto ao problema de água e esgoto na região de Mauá, Anil, Olaria, Magé, Suruí e outras localidades, escuto absurdos de promessas, vejo manilhas espalhadas pelas ruas em Mauá que chegam a dar filhotes (anel de poço) esperando a instalação, as vezes elas somem, não se sebe pra aonde pois as ruas aonde estavam, continuam sem manilha e instalação de tubos de alimentação de água, deve ser porque já que a água não vai passar ali mesmo, pra que tubo, como a cagada já está feita mesmo o melhor é sumir com as manilhas pois quando chover a água da chuva carrega a cagada pro mar sendo assim faça você mesmo o seu poço e sua caixa de coco que a qualquer hora vai poluir o poço do vizinho e a do seu vizinho vai poluir o seu, o que mais me impressiona é a falta de honestidade com uma coisa que temos como preceito bíblico, não se nega água a ninguém. falta de recursos também não é desculpa pois cada metro de tubulação e cobrado na conta da água tanto é que a CEDAE acusa lucros e os repassa ao ESTADO, eu me pergunto quando estes caras de pau vão parar de usar óleo de peroba, pois chegam de cara lavada para darem as explicações mais absurdas, e o pior é que o óleo polui!

  2. Célio Santiago

    Tenho um terreno na esquina da rua Benjamim Constant com Getúlio Vargas em Suruí e projeto de uma obra já pronto mas, parei tudo por causa da falta da água. Pelo que comentam os moradores vizinhos, ninguém sabe dizer ao menos se há alguma esperança quanto à chegada da água no local. Gostaria de saber, se a partir desse mês de julho de 2017, as autoridades responsáveis da Cedae teem de longe, alguma previsão ou esperança para aquele povo.

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