O novo cenário, mais letal e transmissível, enche as UTIs mais rapidamente.
Mais letal em 2021, a Covid-19 mata também cada vez mais adultos na faixa dos 40 anos . Neste ano, em apenas quatro meses, o número de óbitos de pessoas entre 40 e 49 anos já supera todos os registros de 2020.
Se no ano passado foram 12.195 mortes entre adultos dessa faixa etária, no primeiro quadrimestre de 2021 já há um crescimento superior a 50%, com 19.006 óbitos no grupo. Sem o recorte de idade, a alta de mortes neste ano é ainda mais expressiva, de 55% em um período bem mais curto, segundo dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil.
Grupos mais expostos à contaminação pelo novo coronavírus, jovens e adultos estão se infectando mais em 2021, seja por comportamentos de risco, como aglomerações e festas clandestinas, ou, principalmente, por comporem a população economicamente ativa e estarem submetidos a jornadas de trabalho presencial em contato direto com outras pessoas, tanto no ambiente de trabalho quanto no transporte coletivo.
Com cada vez mais contaminados e a circulação de variantes mais transmissíveis do novo coronavírus, as internações dispararam, levando ao colapso do sistema de saúde, público e privado, em quase todos os estados.
Com mais jovens desenvolvendo o quadro grave da doença, a imunidade maior deles em relação aos idosos leva os leitos a estarem ocupados por mais tempo, já que os mais velhos – que hoje já morrem menos graças a vacinação – morriam mais rapidamente, desocupando os leitos e diminuindo o risco de colapso. Em 2021, o novo cenário, mais letal e transmissível, enche as UTIs mais rapidamente e pode gerar, rapidamente, um novo colapso.
Grupo de jovens
Covid-19: o que explica mais infecções e mortes entre os jovens no Brasil. O mês de março teve registradas quatro vezes mais mortes por covid-19 entre pessoas de 30 a 39 anos em relação ao mês de janeiro: foram 3.449 pessoas dessa faixa etária que perderam a vida para a doença, contra 858.
Mais de um terço das mortes por covid-19 no Brasil é de menores de 59 anos. À medida que os mais velhos estão sendo vacinados, os óbitos nessa faixa etária têm caído pela metade.
Comportamento mais arriscado
Desde o início da pandemia de covid, sabe-se que os mais jovens são menos susceptíveis a desenvolver os sintomas mais graves da doença e morrer por complicações dela.
De maneira geral, por causa da idade, eles têm a seu favor um sistema imunológico mais forte, o que facilita o combate ao vírus. A exceção são aqueles que têm algum tipo de comorbidade (doença associada), como obesidade ou asma, por exemplo. Mas isso não quer dizer que os jovens estejam imunes à doença – e essa falsa percepção acaba encorajando uma maior exposição ao risco.
Em outras palavras: aglomeram-se com mais frequência e ignoram medidas importantes de prevenção, como uso de máscaras e distanciamento social. Por todo o Brasil, imagens de festas clandestinas interrompidas pela polícia foram compartilhadas nas redes sociais e ganharam o noticiário.
Volta ao trabalho
Os mais jovens compõem a maior parte da população economicamente ativa.
Isso quer dizer que são o grosso dos que trabalham – ou que estão procurando emprego. Se de um lado o auxílio emergencial pago pelo governo ajudou a complementar a renda das famílias brasileiras, a redução do valor do benefício obrigou muitos desses jovens a voltarem às ruas.
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