Ministro do STF escreveu que investigações até aqui mostram, ‘no mínimo’, que houve omissão de Torres no 8 de janeiro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um recurso da defesa e manteve a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Torres está preso desde janeiro, por suspeita de omissão diante dos atos golpistas do dia 8 daquele mês, quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos três poderes da República.
Na ocasião, Torres, que havia sido ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro, era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
No dia 10 de janeiro, a Polícia Federal pediu a prisão de Torres, e Moraes acolheu a solicitação.
Ao requerer a liberdade do ex-ministro, seus advogados argumentaram que não há elementos que liguem Torres aos atos golpistas.
Moraes, no entanto, escreveu que se mantêm os motivos que levaram à prisão e que as investigações feitas até agora mostram, no mínimo, que Torres foi omisso no dia 8.
“Conforme destacado pela procuradoria-geral da República, os elementos de prova até o momento coligidos aos autos indicam que Anderson Gustavo Torres descumprido, no mínimo mediante omissão, os deveres do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal“, afirmou o ministro.
Moraes também lembrou da minuta do golpe, documento encontrado em um envelope timbrado do governo federal na casa de Torres. Era a minuta de um decreto que previa a instalação de estado de sítio no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que é inconstitucional.
“No que diz respeito especificamente à ‘minuta de decreto”, a Procuradoria-Geral da República ressaltou a probabilidade de que, em liberdade, Anderson Gustavo Torres coloque em risco o prosseguimento das investigações, a colheita de provas e, por conseguinte, a persecução penal”, completou Moraes.