O retrato do abandono de um dos maiores patrimônios naturais do Rio de Janeiro.
(Por Antonio Alexandre/RedeTV+), 12 de agosto de 2025.
A Baía de Guanabara, uma das paisagens naturais mais emblemáticas do Brasil e cartão-postal do estado do Rio de Janeiro, vem agonizando lentamente sob o peso da má gestão ambiental, da negligência das autoridades e da ausência de políticas públicas eficazes. A beleza natural que um dia encantou turistas, pescadores e moradores da região, hoje dá lugar a um cenário de degradação, lixo flutuante, esgoto in natura e denúncia de crimes ambientais impunes.
O impacto desse descaso vai além da perda estética. Afeta diretamente a economia pesqueira local, compromete o turismo sustentável e fere de morte a identidade cultural das comunidades tradicionais que há gerações vivem em torno da Baía.
Alexandre Anderson, Presidente da ONG AHOMAR (Foto divulgação)
Denúncias ignoradas
Em 21 de agosto de 2024, o Jornal Regional, apresentado pelo jornalista Antonio Alexandre, levou ao ar uma edição especial com denúncias alarmantes sobre a situação da Baía de Guanabara. O vídeo, disponível no YouTube (assista aqui), mostra a atuação de voluntários, ONGs e pescadores que, mesmo sem apoio institucional, se mobilizam para conter os danos ambientais e cobrar ações do poder público.
Esses colaboradores anônimos, com a ajuda da Organização Não Governamental Rede Ahomar, têm sido os verdadeiros guardiões da Baía. Promovem mutirões de limpeza, mapeiam áreas críticas de poluição, documentam crimes ambientais e pressionam os órgãos competentes com denúncias formais e campanhas de conscientização. No entanto, seus esforços esbarram constantemente na morosidade do poder público e na falta de investimento em saneamento e fiscalização.
Do potencial à tragédia ambiental
Com um potencial turístico, ecológico e econômico gigantesco, a Baía poderia ser uma fonte permanente de divisas para o Estado do Rio de Janeiro e para o Brasil. Porém, esse potencial é sabotado por políticas públicas ineficazes, projetos de revitalização inconclusos e corrupção envolvendo verbas destinadas à recuperação da região.
A pesca artesanal, outrora atividade essencial para centenas de famílias, está em risco. Muitos pescadores relatam queda acentuada no volume de peixes, redes rasgadas por lixo flutuante e doenças causadas pelo contato direto com a água contaminada.
Sociedade civil resiste, mas precisa de apoio
A atuação de organizações como a Rede Ahomar e de centenas de voluntários é um farol de resistência em meio ao caos. Mas é impossível ignorar que essa luta, por mais heroica que seja, não deve ser solitária. A preservação da Baía de Guanabara é um dever do Estado, amparado pela Constituição Federal, que assegura o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Enquanto autoridades seguem inertes ou descompromissadas, a Baía clama por socorro. E esse clamor é feito por meio das denúncias daqueles que vivem, respiram e resistem à beira da destruição.
É possível salvar um paraíso sufocado por 100 toneladas de lixo diárias?
A Baía de Guanabara enfrenta problemas sérios de má gestão ambiental, com despejo de chorume e lixo, além de frequentes vazamentos de óleo, afetando a vida marinha e a pesca. O lançamento de resíduos industriais e esgoto também contribui para a contaminação das águas, especialmente nos manguezais.
Baía de Guanabara: um espelho d’água que reflete o abandono de políticas ambientais. Ainda há tempo de salvá-la — mas é preciso agir já.