Às vésperas de mais um megaevento esportivo no Rio, as autoridades continuam falhando de forma inaceitável em controlar o uso da força letal pelos agentes da lei e garantir a segurança.
O palco dos próximos Jogos Olímpicos, que começarão dentro de 34 dias, registrou em maio um recorde de violência. Os números mais recentes, divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), mostram que o Estado do Rio registrou, em 2016, o pior mês de maio desde 1991 no quesito roubos a pedestre. Foram 7.487 ocorrências no período, um aumento de 38,2% na comparação com o mesmo mês de 2015 (5.416 casos) — e de 6,5% diante do maior total auferido até então, em maio do ano anterior, quando houve 7.033 roubos.
Os números de letalidade violenta também dispararam: foram 401 ocorrências, em maio do ano passado, contra 472 no último mês um salto de 17,7%. A estatística representa a soma dos homicídios dolosos (com intenção de matar), dos roubos ou lesões corporais seguidas de morte e dos homicídios decorrentes de intervenção policial. Estes últimos, os chamados autos de resistência, praticamente dobraram de um ano para o outro, indo de 44 para 84 mortes.
— Às vésperas de mais um megaevento esportivo no Rio de Janeiro, as autoridades continuam falhando de forma inaceitável em controlar o uso da força letal pelos agentes da lei e garantir a segurança de todos os moradores da cidade — criticou o diretor-executivo da Anistia Internacional, Átila Roque.
Analisando o total dos roubos de rua (soma dos roubos a pedestre, de celular e em ônibus), o mês de maio beirou os dez mil registros — foram 9.968 ocorrências, mais precisamente. O número equivale a um caso a cada quatro minutos, aproximadamente.
Enquanto explodem os roubos, o número de suspeitos presos cai. Houve 4.404 prisões em maio deste ano, contra 4.801 em 2015 — queda de 8,3%. Já as apreensões de adolescentes infratores cresceram de 818 para 873, ou 6,7%.
Procurada, a Polícia Militar informou que “busca aprimorar constantemente o policiamento empregado nas ruas” e que “trabalha considerando os números compilados pelo ISP, assim como os dados mensais registrados pelos batalhões”. A nota continua: “Quando os índices apresentavam tendência de alta, foram empregados cerca de 700 policiais militares a mais em complemento ao policiamento diário dos batalhões”. Sobre a proximidade da Olimpíada, a corporação afirmou: “A exemplo da Copa do Mundo, da Copa das Confederações e da visita do Papa ao nosso estado, a PM trabalhará com sua força máxima no sentido de levar segurança à população do Rio de Janeiro, do Brasil e aos turistas”.