Homicídios dobram em Niterói no primeiro trimestre

Guerra na Zona Norte foi responsável por 22 das 34 mortes no período.

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A guerra entre facções criminosas que vem tirando a tranquilidade dos moradores da Zona Norte de Niterói nos últimos meses já se reflete nas estatísticas de segurança da cidade. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), o número de homicídios em Niterói dobrou no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado: foram 34 casos, contra 17 nos três primeiros meses de 2015. Esse é o pior resultado para o começo do ano em Niterói desde 2010, quando houve 39 homicídios dolosos nos três primeiros meses do ano.

O salto no número de homicídios pressionou a letalidade violenta, principal índice criminal avaliado pelo ISP, composto pelos homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes em confronto com a polícia. O crescimento neste caso foi de 21,95%, com 50 mortes violentas na cidade em 2016, e 41 em janeiro, fevereiro e março do ano passado.

Dos 34 homicídios registrados neste primeiro trimestre, 22 ocorreram na área da 78ª DP (Fonseca), responsável pela Zona Norte. De acordo com o coronel Fernando Salema, comandante do 12º BPM (Niterói), a intensificação dos confrontos entre quadrilhas rivais em fevereiro fez com que os números explodissem.

— A letalidade infelizmente é um índice que não conseguimos prever. O que posso dizer é que não registramos mortes de inocentes em nossas ações, e que grande parte desses casos envolveu pessoas ligadas ao tráfico. Em fevereiro, quando houve a retomada de favelas na região do Fonseca, esses números se elevaram — afirma o comandante do 12º BPM.

As 18 mortes registradas em fevereiro representam o pior desempenho para um mês desde abril de 2009, quando ocorreram 19 homicídios na cidade. Para o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, o caminho para reduzir o impacto dos confrontos entre traficantes rivais é uma ação conjunta das forças policiais.

— Disputa entre facções tem dois caminhos: um é a presença policial ostensiva para evitar o momento do confronto, outro é a investigação por parte da Polícia Civil para debelar essas quadrilhas, principalmente as mais violentas — analisa o especialista.

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Na opinião do vereador Renato Cariello (PDT), presidente da Comissão de Segurança da Câmara e morador da Engenhoca, a situação na Zona Norte está se estabilizando em consequência da atuação da Polícia Militar.

— Realmente esse aumento nos homicídios na cidade está intimamente ligado à guerra de facções e ao tráfico. O que deve ocorrer são ações preventivas, que evitem nossas disputas de território. Aos poucos, aqueles tiroteios que eram quase diários estão parando por conta das constantes operações que o 12º BPM tem feito na região — avalia.

O presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Niterói, Moacyr Chagas, critica a Secretaria de Segurança pela falta de efetivo das policias Civil e Militar na cidade. Segundo ele, as corporações têm perdido contingente este ano, mesmo diante do agravamento dos confrontos nos últimos meses:

— Temos visto que a Secretaria de Segurança não está ouvindo nossos gritos de socorro, mesmo com o aumento dos números. Todas as delegacias de Niterói têm menos da metade do efetivo estipulado por lei, e o efetivo do 12º BPM desde janeiro caiu de 1.145 para 1.020 policiais, segundo um levantamento que fazemos continuamente.

ESQUEMA ESPECIAL PARA A OLIMPÍADA

Diante da situação de insegurança em diversos pontos da cidade, o prefeito Rodrigo Neves solicitou nesta quarta-feira ao governador em exercício, Francisco Dornelles, que Niterói seja incluída no esquema especial de segurança montado para os Jogos Olímpicos. O argumento da prefeitura é que a cidade hospedará cerca de 40 delegações estrangeiras durante o evento esportivo, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro.

— Depois do Rio, Niterói vai ser a cidade que receberá mais delegações internacionais e milhares de visitantes. Portanto, precisa de um planejamento específico e mais policiais. Nosso pedido de reforço se refere aos policiais militares que se formarão em breve na corporação, para que eles sejam disponibilizados para Niterói não apenas durante as Olimpíadas — diz.

Dornelles prometeu discutir o pleito de Rodrigo com as autoridades de segurança.

— O pedido do prefeito a respeito da segurança será levado em consideração. Vou conversar com o secretário de seguranç sobre essas reivindicações — garantiu o governador em exercício.

Na última terça-feira, Beltrame afirmou que diversos programas da Secretaria de Segurança foram abandonados por conta da crise fiscal vivida pelo governo do estado.

— Se não tivermos um estado estruturado economicamente não há política pública que se sustente — afirmou o secretário, em entrevista .

ZONA SUL TAMBÉM SOFRE COM INSEGURANÇA

Embora as mortes violentas se concentrem na Zona Norte, moradores de São Francisco e Santa Rosa, na Zona Sul, também vivem um cotidiano de insegurança. Os constantes episódios de violência na região fizeram com que o Comando-Geral da Polícia Militar disponibilizasse homens e cavalos do Regimento de Polícia Montada (RPMont) para patrulhar as ruas de São Francisco este mês. No último sábado, um taxista morreu após ser atingido por uma bala perdida na Avenida Rui Barbosa, uma das principais vias do bairro.

Em São Francisco, moradores elogiaram a chegada do efetivo, apesar de acharem que a medida é somente um paliativo para a insegurança. É o caso de Samir Ponce de Leon, que testemunhou a chegada dos equinos na Avenida Rui Barbosa.

— Acho que é positivo porque dá mais visibilidade à polícia. Vendo isso, os bandidos se afastam por um tempo. Não é a solução, mas funciona como um paliativo — avalia o morador de São Francisco.

Segundo o coronel Fernando Salema, comandante do 12º BPM (Niterói), a medida tem a intenção de aumentar a sensação de segurança.

— Nossa missão principal é a prevenção. O Comando-Geral sempre disponibiliza apoio de outros batalhões. A presença policial traz mais tranquilidade para a população — afirma.

Não é difícil encontrar quem já tenha sido vítima de criminosos no bairro. Aposentada recentemente, a professora Vera Lucia Caldas afirma que o risco de circular por São Francisco à noite colaborou para a decisão de abandonar as salas de aula, especialmente depois de ter sido assaltada. Ela também comemorou a chegada do policiamento a cavalo:

— Estamos precisando de todo policiamento possível aqui. Qualquer reforço é bem-vindo.

ESQUINA DO PERDEU’

Alguns cruzamentos de Santa Rosa são considerados verdadeiras “Faixas de Gaza” pela população local. É o caso da esquina entre a Rua Mario Viana e a Avenida Padre Francisco Lannas, em Santa Rosa, conhecida como “esquina do perdeu” por causa do grande número de roubos. No dia 27 de abril, o jornalista Vinícius Martins escapou por pouco de ser mais uma vítima.

— Estava parado no sinal e os dois carros na minha frente foram roubados por dois assaltantes. Abandonei meu carro e saí correndo em direção à feira livre que montada ali todas as quartas. Os marginais subiram em direção à estrada do Viradouro. Voltamos eu e mais os outros motoristas para o local do crime, pegamos nossos carros e viemos embora, como se fosse algo normal.Eram 12h45m de uma quarta-feira — relatou.

Os tiroteios no Complexo do Viradouro também assustam. Em 6 de abril, traficantes abriram fogo contra equipes da Polícia Civil, que faziam buscas pelo aposentado João Bosco de Oliveira, sequestrado e morto por bandidos da região.

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Fonte: O Globo

 

 

 

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