Atacante desmonta esquema brasileiro, faz 29 pontos e leva time francês ao segundo título do país.
O roteiro parecia montado à perfeição. Na história que a seleção brasileira queria contar, a Arena da Baixada aparecia como cenário ideal. No início, nem mesmo o frio de 12°C incomodava. Earvin Ngapeth, porém, não teve medo de vestir a máscara de vilão. Ao sorrir de forma irônica e olhar para o telão a cada ponto, se mostrou à vontade em terreno rival. Aos poucos, o sonho do décimo título da Liga Mundial se dissipou nos ataques do ponteiro francês. De virada e diante de mais de 23 mil pessoas, o Brasil caiu para a França em 3 sets a 2, parciais 21/25, 25/15, 25/23, 19/25 e 15/13.
Ngapeth destruiu as chances do título brasileiro. O polêmico atacante francês fez jus à marra: terminou o jogo com 29 pontos. Boyer, jovem promessa de 21 anos, fez 18. Pelo Brasil, Lucarelli e Wallace fecharam a partida com 22 pontos. Mais cedo, o Canadá bateu os Estados Unidos de virada (3 a 1) e conquistou o bronze – sua primeira medalha na história da Liga Mundial.
O jejum, então, continua. Sem vencer a Liga Mundial desde 2010, o Brasil volta a bater na trave, como acontecera no ano passado, diante da Sérvia. A seleção, no entanto, segue como maior vencedora, com nove títulos: 1993, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2010. A França, por outro lado, se confirma como algoz do Brasil na casa do rival. Em 2015, em seu único título até então, foi campeã no Rio de Janeiro.
Em sua primeira competição à frente do Brasil, Renan Dal Zotto ficou no quase. O técnico, que assumiu a seleção após a despedida de Bernardinho, fez a seleção crescer no decorrer da Liga, mas ficou com o vice.
O Brasil tentou afastar a tensão na marra – e de forma rápida. A França resistia e tentava evitar ficar para trás. Depois de os donos da casa abrirem três pontos, os visitantes chegaram ao empate com um bloqueio sobre Maurício Borges: 7/7. O roteiro voltou a se repetir logo depois: o Brasil abriu, e a França empatou em lance improvável, com uma defesa indo direto para o fundo da quadra dos donos da casa. De quem? Ngapeth, claro. O lance pareceu desanimar a torcida. Logo depois, a França virou e fez 12/11. O Brasil ainda sonhou com a reação. Não deu. O ponto final veio das mãos do maior vilão: Ngapeth fechou a conta em 15/13.