MPF acredita que um dos dois mentiu sobre suposto vazamento da Operação Furna da Onça.
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) não compareceu a uma acareação prevista para esta segunda-feira (21) com o empresário Paulo Marinho, sobre o suposto vazamento da Operação Furna da Onça, em 2018.
O advogado do senador informou à GloboNews que Flávio Bolsonaro está no Amazonas em agenda oficial e que entrou com uma petição para marcar a acareação para 5 de outubro, no gabinete dele, em Brasília.
Paulo Marinho chegou por volta das 14h30 à sede do Ministério Público Federal(MPF), no Centro do Rio.
O MPF marcou a acareação porque considera que um dos dois mentiu em depoimento sobre suposto vazamento da operação, que investiga um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa (Alerj) ligado ao ex-governador Sérgio Cabral, preso e condenado a quase 300 anos de cadeia.
Marinho disse que ouviu de Flávio Bolsonaro que um delegado da Polícia Federal vazou a informação sobre a operação. O senador nega.
Com certeza alguém mentiu, né? E não fui eu”, disse Marinho ao chegar.
A defesa de Flávio Bolsonaro já vinha dizendo, desde quando ele foi intimado, que o senador não iria comparecer porque teria a prerrogativa de marcar horário e local. O MPF entende que não, que ele tem que comparecer e só pode se ausentar se apresentar um atestado médico.
MPF descarta acareação online
O procurador Eduardo Benones, que acompanha o caso, descartou a possibilidade de realizar a acareação através de videoconferência. Em entrevista à GloboNews, a presença de ambas as parte se faz necessária por se tratar de uma divergência “substantiva do objeto”.
“Como nesse caso, a divergência não é apenas circunstancial, não é sobre detalhes de fato, de tempo e de nome. Mas diverge substantivamente no objeto, de maneira que não é possível que ambos os depoimentos sejam consistentes com os fatos, precisa ser pessoalmente. Não pode ser por videoconferência nesse caso”, disse Benones ao deixar a sede do MPF.
O Ministério Público Federal analisa a possibilidade de ir até o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar uma punição ao senador Flávio Bolsonaro pela ausência, segundo apurou a TV Globo.
O empresário Paulo Marinho sugeriu que a apreensão dos celulares das pessoas envolvidas no caso seria uma forma de elucidar as dúvidas do MPF.
“Eu acho que a questão para elucidar esse caso, muito mais útil do que a acareação, seria por exemplo buscar a localização dos celulares das pessoas que, segundo as minhas informações, estavam nas imediações da Polícia Federal falando com o suposto delegado. Então, essa para mim é uma questão que, se não foi observada até agora, deve ter algum motivo para isso”, disse Marinho.
“Eu não sei se ele está mentindo, eu estou dizendo a verdade. Se a tese dele é frontalmente contrária ao meu relato, provavelmente ele está mentindo”, completou o empresário.
Flávio Bolsonaro não era investigado na Furna da Onça, mas foi na operação que apareceu um relatório de inteligência do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre uma movimentação financeira suspeita de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. O relatório acabou sendo usado pela investigação da “rachadinha”.
Fonte: Portal G1