Dr. Thiago Ullmann assume gestão da entidade e comenta suas perspectivas de participação nas cidades de Magé e Guapimirim.
Em recente eleições da Ordem dos Advogados da 22ª subsessão, Magé/Guapimirim, as urnas consagraram o jovem Dr. Thiago Ullmann, presidente da instituição representativa dos advogados nas duas cidades da região. Em entrevista ao Magé/Online.com, Dr. Thiago revela como deverá ser direcionada a nova gestão.
PUBLICIDADE
Com perspectiva de comportamento junto a sociedade, Dr. Thiago declarou que a OAB tem muito a acrescentar aos municípios e garante que a instituição vai ter maior participação em causas populares de interesse das comunidades, bem como problemas que afligem diretamente a população em conflitos gerados no dia a dia, envolvendo principalmente as questões de relevância da coletividade.
Magé/Online.com:
Como o senhor classificaria sua vitória depois de anos diante de sucessivas gestões de um mesmo grupo?
Dr. Thiago: Sem dúvida, nossa vitória é um ato marcante na história da OAB/Magé e Guapimirim que, desde sua instalação em 1982, ano em que nasci, é comandada pelo mesmo grupo político.
É a primeira vez que a oposição vence na 22ª Subseção da OAB/RJ. E pelas mãos de um grupo jovem, em sua maioria, heterogêneo, já que nossa chapa continha 50% de integrantes de cada sexo, demonstrando a importância da mulher e, sobretudo, da mulher advogada, na advocacia e nos atos decisórios da OAB/Magé e Guapimirim.
Magé/Online.com:
O Senhor acredita que houve por parte dos advogados a intenção de renovação os quadros da administração da ordem?
Dr. Thiago: Tudo o que é novo, no início, assusta, gera desconfiança, incerteza e até medo. Contudo, o Brasil está vivendo um momento importantíssimo de mudança e renovação política. Ou muda, ou mergulharemos num caos cada vez maior. Aqui em Magé e Guapimirim, mais especificamente na OAB/Magé e Guapimirim, não é diferente.
A instituição há tempos está engessada, presa a práticas atrasadas, que não atendem mais os anseios da advocacia e da sociedade, práticas incapazes de contribuir na solução de problemas que afligem todos nós. É hora de estabelecermos um diálogo direto e constante com os núcleos do poder. Temos que fixar limites republicanos ao debate institucional. A OAB goza de prestígio construído ao longo de quase 9 décadas de atuação democrática e republicana. Isto deve ser respeitado, primeiro por nós, advogados e novos gestores da Instituição, depois pelos ocupantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e, por último, pela sociedade, que voltará a ter na OAB o porto seguro e confiável de quem doará a própria vida na defesa independente dos direitos.
Magé/Online.com:
Que planos foram propostos em sua gestão em prol dos advogados e da sociedade como um todo, em um novo modelo para administra a instituição da Ordem dos Advogados na região?
Dr. Thiago: Nós estalecemos uma plataforma baseada em 22 propostas iniciais. A principal delas é a transparência. A advocacia e a sociedade precisam ter acesso e conhecimento, amplo, geral e irrestrito, de tudo o que a OAB faz. Só se confia naquilo que se conhece. E nós abriremos a OAB/Magé e Guapimirim para conhecimento público.
Temos também a necessidade de avançar no antigo projeto da Cidade da Justiça em Magé, onde se concentrarão os órgãos do Poder Judiciário existentes nesta jurisdição, além da Defensoria Pública, do Ministério Público e OAB.
Precisamos modernizar as instalações e a rede de atendimento da OAB aos advogados e à sociedade. Ainda é cedo para expor detalhes, todavia, nosso projeto de ampliação da estrutura de atendimento em Guapimirim passa pela possível construção de um espaço próprio.
Em Piabetá não é diferente, precisamos dar dignidade aos advogados que usam nossa estrutura no Fórum Regional de Vila Inhomirim. A começar pelo estacionamento, provisório e emprestado, que está repleto de buracos e mato, virando um perigoso atoleiro em épocas de chuva.
Não obstante, a defesa das prerrogativas profissionais dos advogados será diuturna, incansável e destemida em nossa gestão, seguindo orientação e exemplo do presidente eleito da OAB/RJ, Luciano Bandeira, bem como a parte ética e disciplinar da OAB/Magé e Guapimirim não mais será negligenciada e funcionará devidamente.
Magé/Online.com:
A insatisfações do profissionais de direito em relação ao judiciário é grande, o que pode ser melhorado?
Dr. Thiago: Isto, Toninho, é uma realidade nacional. A prestação jurisdicional no Brasil vem sendo atacada e desmontada ao longo de anos. A insatisfação é tão grande, que é interna também.
Tenho certeza que os próprios Magistrados e Serventuários não se sentem bem com os entraves que atrapalham seus trabalhos. O que reflete em toda sociedade.
Nós vamos estabelecer parcerias institucionais e republicanas com o Poder Judiciário local. Vamos pugnar pela melhoria das condições de trabalho dentro dos Fóruns de nossas Comarcas, o que importa na melhoria para os advogados e para os cidadãos. Vamos lutar a favor da coletividade. Tenho certeza que esse quadro local vai melhorar.
Magé/Online.com:
Por que a instituição não participa mais intensamente nas causas legítimas das comunidades e dos cidadãos. Há um distanciamento grande em defesa de causas coletivas de interesse da sociedade que a OAB, em muito poderia contribuir com uma participação mais efetiva. Isso deve mudar?
Dr. Thiago: O grupo que geriu a OAB/Magé e Guapimirim por mais de 30 anos perdeu a capacidade de dialogar com a sociedade. Vamos reconectar a OAB com os advogados e com o povo. Não temos poder formal.
Nossas armas são o conhecimento jurídico e a capacidade de articulação social. De acordo com a mobilização social que conseguirmos será medida nossa força e seremos capazes de influir na realidade de nossas Cidades.
“É comum que a sociedade, e até mesmo os próprios advogados, vinculem a Ordem dos Advogados do Brasil a um papel de mero promotor da defesa, representação e disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
Não obstante a OAB realmente cumpri tão honrosa missão, é ainda mais certo que nossa ordem jurídica não lhe reservou apenas finalidades típicas dos órgãos de fiscalização profissional, pelo contrário, tanto a legislação constitucional quanto a infraconstitucional, historicamente, tem reservado à nossa entidade, e também aos advogados que a compõem, o papel singular de defensores da Lei, da Justiça, dos Direitos Humanos, da Ética, da Constituição Brasileira e de nosso Estado Democrático de Direito.” Concluiu o Dr. Thiago.
“A OAB desempenha um papel de representação da sociedade civil, histórica e culturalmente, que pode se assemelhar àquele papel típico da imprensa. É bom que a Ordem dos Advogados Brasil permaneça absolutamente desatrelada do Poder Público. Longe de ser fiscalizada pelo Poder Público, ela deve fiscalizar com toda autonomia, com toda independência, o Poder Público, tal como faz a imprensa.” (Carlos Ayres Britto – Ministro do STF)
Antonio Alexandre, Magé/Online.com