Agentes também sofrem com a falta de recursos materiais.
Enquanto a criminalidade cresce no Rio, a Polícia Militar sofre com cada vez menos recursos e encolhe de tamanho. Os agentes sofrem com condições precárias de trabalho, incertezas sobre a previdência e salários atrasados. Desde o ano passado, a corporação perdeu 1,3 mil homens. O último concurso aconteceu em 2014. O objetivo era reforçar a tropa com seis mil profissionais, mas apenas 1,175 mil foram incorporados.
Com a sucessão de problemas, muitos decidiram acelerar a aposentadoria. De 2014 até agora, mais de quatro mil PMs passaram para a reserva. O elevado número de PMs mortos também é um problema: foram 85 desde o começo do ano.
Além da falta de pessoal, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro também sofre com a falta de recursos materiais. Uma das viaturas da corporação, por exemplo, está parada em uma oficina mecânica na Pavuna, na Zona Norte, há três meses.
O veículo, que precisa de serviços de mecânica e lanternagem, tem um orçamento de reparo de R$ 2,5 mil. Porém, os comerciantes do bairro ainda não conseguiram reunir este dinheiro para pagar pelo serviço.
“Eles pediram ajuda para os empresários do bairro para fazer a manutenção, eu entrei nessa ajuda e aguardo a doação material para executar o serviço”, explicou o mecânico André Luiz Silva.
Na quarta-feira (5), um homem flagrou policiais empurrando uma viatura na Zona Norte do Rio.
A própria PM admite que, na situação que a corporação se encontra, não é possível oferecer segurança para a população de uma maneira plena.
A enfermeira Érica Feitosa morreu após um assalto na mesma rua onde, alguns dias antes, ela havia sido assaltada em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O batalhão da PM responsável pela área reconhece que conta, atualmente, com metade do efetivo previsto para a região.
O ex-chefe do Estado Maior da PM afirma que, enquanto a situação financeira do Rio não se resolve, é preciso evitar a exposição dos policiais e de moradores a situações de risco desnecessárias. Robson Rodrigues diz que a Secretaria Estadual de Segurança deve priorizar um plano emergencial com medidas preventivas para diminuir o número de vítimas.
“Fazer um plano de contingência para curtíssimo prazo para, pelo menos, conter essa sangria, grupar esse policiamento e aplicar nas prioridades e na ostensividade, na prevenção”, explicou Robson Rodrigues da Silva, que é pesquisador de segurança pública da Uerj.
As estatísticas oficiais também mostram a redução dos crimes registrados por policiais militares no Estado do RJ. Nos primeiros seis meses de 2016 foram 98.345 ocorrências, contra 72.792 este ano. É uma queda de 26%.
“Infelizmente, o Estado trata a população e a quem presta serviço como lixo. Não dá segurança”, protestou o empresário Jean Pierre El Sayed.
Um estudo do Ministério Público mostra que 52% da frota de carros da PM está parada por falta de manutenção.