Ao todo, o estado já soma 336 casos da doença, com Itaboraí (47), Rio de Janeiro (40) e Guapimirim (25) entre as cidades mais afetadas.
Com 101 casos confirmados, Cachoeiras de Macacu se tornou o epicentro da febre Oropouche no estado do Rio de Janeiro. Diante do aumento expressivo da doença, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) realizou, no último dia 14 de fevereiro, uma reunião com profissionais de saúde do município para alinhar estratégias de prevenção e tratamento. Ao todo, o estado já soma 336 casos da doença, com Itaboraí (47), Rio de Janeiro (40) e Guapimirim (25) entre as cidades mais afetadas.
Técnicos da SES-RJ garantiram que o estado oferecerá total suporte às ações de controle e enfrentamento da febre, reforçando o trabalho conjunto com os municípios. “A secretaria veio dar suporte e trabalhar em conjunto com o município na prevenção e no tratamento de Oropouche, como também de outras arboviroses, como dengue e chikungunya”, afirmou Mário Sérgio Ribeiro, subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da SES-RJ.
A reunião destacou a particularidade de Cachoeiras de Macacu, município de perfil rural, onde a presença do mosquito maruim – principal vetor da doença – é favorecida pelas condições ambientais. A cidade abriga 92 cachoeiras e se destaca na produção de frutas como goiaba e banana, o que contribui para a proliferação do inseto. Além disso, as autoridades locais apontaram desafios no deslocamento de pacientes das áreas rurais para unidades de saúde, o que pode dificultar diagnósticos e tratamentos precoces.
“A ideia é aprender e alinhar a estratégia de atuação com a Secretaria de Estado de Saúde para enfrentarmos juntos essa situação”, declarou Carlos Eduardo, secretário municipal de Saúde de Cachoeiras de Macacu.
Diagnóstico precoce e impacto econômico
A superintendente de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde da SES, Luciane Velasque, alertou para a necessidade de diagnóstico precoce da febre Oropouche, evitando que os casos aumentem sem controle. Ela reforçou a importância de intensificar a investigação e a coleta de exames.
“O grande desafio é entender e observar como o vírus se propaga. O ideal é fazer logo o teste para Oropouche sem esperar o resultado negativo para dengue”, explicou.
O subsecretário Mário Sérgio Ribeiro também destacou que o crescimento da doença pode afetar a economia local, uma vez que Cachoeiras de Macacu atrai turistas devido às suas belezas naturais. Como resposta, o estado pretende ampliar o suporte à coleta e testagem dos casos suspeitos. Atualmente, 31 localidades do município registram infecções confirmadas, mas nem todas possuem estrutura adequada para a coleta de sangue, o que levou à sugestão de criar equipes itinerantes para atender a população.
Além disso, o prefeito Rafael Muzzi de Miranda anunciou a elaboração de material informativo sobre a doença, que será distribuído em barreiras sanitárias nos acessos ao município e em áreas de fiscalização dos balneários.
Captura de mosquitos e monitoramento
Uma das estratégias adotadas no combate à febre Oropouche envolve a captura de mosquitos em regiões com casos confirmados. Equipes especializadas realizam a coleta dos insetos para análise laboratorial, verificando se estão infectados com o vírus. O processo é feito com um aparelho de sucção chamado Capturador de Castro, que armazena os mosquitos em “gaiolas” mantidas em recipientes refrigerados até serem enviados ao laboratório para estudo.
O que é a febre Oropouche?
A febre Oropouche é uma doença viral transmitida principalmente pelo mosquito maruim. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, náuseas e, em alguns casos, erupções na pele. Apesar de geralmente apresentar evolução leve, a doença pode trazer complicações em pacientes com imunidade comprometida.
Endêmica em regiões como a Amazônia e algumas áreas do Rio de Janeiro, a febre Oropouche preocupa especialistas devido ao risco de disseminação em centros urbanos. Sem vacina disponível, a melhor forma de prevenção é evitar a picada dos mosquitos, reforçando medidas como uso de repelentes e controle ambiental.
As autoridades seguem monitorando a situação e reforçando medidas para conter o avanço da doença, enquanto o estado e os municípios buscam soluções conjuntas para proteger a população.